Estou a escutar o Anjo, espero a exortação,
o grito, a inscrição das minhas palavras numa ordem celeste
ou tão só imanente, rente à terra, ao nu dizer
- mas ninguém me responde!
O silêncio de Deus é como um telefone a tocar no vazio,
sem uma voz tranquilizadora a responder-nos "deixe a sua mensagem...",
é um labirinto em torno dos possíveis,
é um dizer do dizer sem ter de que dizer.
E foi sempre assim a poesia, dizes?
Mesmo Dante ordenava as esferas celestes
só para enfrentar o silêncio?
Bom, deixemos os velhos mestres:
a poesia é uma conversa
que só tem lugar quando ninguém está a ouvir.
É talvez uma dança ao silêncio de Deus.
Ontem numa esplanada a ver o rio
ReplyDeletea voz de Paul Simon trouxe-me de volta ao som do silêncio
e mansamente lembrei os dias de menina nova quando emoldurava com ela
pensamentos saudades emoções
não, não é nostalgia
a canoa rasgou um traço de beleza no meu dia
a música tomou a cor do meu rio
a palavra não envelheceu
e eu?
que é feito de mim?
Ontem numa esplanada a ver o rio
ReplyDeletea voz de Paul Simon trouxe-me de volta ao som do silêncio
e mansamente lembrei os dias de menina nova quando emoldurava com ela
pensamentos saudades emoções
não, não é nostalgia
a canoa rasgou um traço de beleza no meu dia
a música tomou a cor do meu rio
a palavra não envelheceu
e eu?
que é feito de mim?
Meu caro Alcipe
ReplyDeleteBelo soneto sobre a poesia!
Se quiser descer à terra dos não-poetas, veja o sonetilho da velha rimalhadeira em "Duas ou três coisas" de ontem, que fala de si.
alguém que conheci era pouco amigo dos presentes compostos exprimindo aspectos durativos, estou a escutar, estou tocando, escuto dirá então tudo, escuto o anjo, sim, esse inicio de verso ficaria leve e simplificado mas com o mesmo significado com escuto o anjo, mas o poeta é quem sabe de si e a forma que escolheu é a que conta, o mesmo para quando ninguém a ouve, e um interroga-se sobre a arquitectura poetica, porque assim e não assado, embora o leitor tambem tenha opinião, belo soneto ou quase ou um pouco mais
ReplyDeletebonito como sempre o poema.
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