Desta vez foi muito claro o discurso: preferir a caridade à solidariedade é preferir o arbitrário do amor ao rigor da justiça. É escolher o subjectivismo da compaixão contra as regras dos direitos humanos. A nossa direita nada esqueceu e nada aprendeu, como Talleyrand dizia dos Bourbons.
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"La caridad es humillante porque se ejerce verticalmente y desde arriba; la solidaridad es horizontal e implica respetuo mutuo."
ReplyDeleteEduardo Galeano
Tenho algumas dúvidas, Julia. Na província a caridade exerce-se muitas vezes na horizontal. É o vizinho pobre que partilha a sua sopa com aquele vive ao lado e a não tem. É a vizinha que vai ajudar a amiga a lavar-se porque esta tem dificuldade em mexer-se.
DeleteSe isto não é horizontal, vertical é que não é...
A questão fundamental e a do respeito mutuo. O respeito passa por reconhecer e respeitar os direitos dos outros. O desrespeito e considerar que ninguém tem direitos, a nao ser os accionistas e os investidores.
DeleteOuvi Isabel Jonet e fiquei parada, tentando perceber o alcance do que tinha sido dito, tentando perceber se não estaria eu a ser preconceituosa.
ReplyDeleteCaridade, o gesto atencioso (e superior) de quem dá uma esmola a quem estende a mão. Solidariedade, o gesto fraterno de quem age pensando nos outros.
Preferir a caridade à solidariedade assusta-me. Pensar que é Isabel Jonet, que tanto tem feito por quem precisa, quem o diz, incomoda-me.
Este ano, como todos os anos, enchi uns sacos de géneros que entreguei para o Banco Alimentar. É comida que vai servir a quem tem fome, é caridade, claro.
Mas preferir a caridade à solidariedade? Isso assusta. Que sociedade é esta? Como foi que chegámos aqui?
A velha senhora entusiasmou-se:
ReplyDeletepois assim é que é falar
meu alcipe sedutor
temos que lhes recordar
que caridade é amor
e a senhora insiste em dar opiniões...que incomodam, como diz bem um geito manso !
ReplyDeleteEu prefiro que ela fale, mostra-nos o modelo social da direita, da eterna direita das sopas dos conventos. É o rosto social da troika. É bom que fale.
ReplyDeleteÓ Alcipe essas generalizações sobre a esquerda solidária e a direita caritativa eram boas para o século passado. Há esquerda caritativa e há direita solidária. Conheço ambas e, no momento presente, recuso-me a classifica-las.
ReplyDeleteAs generalizações são sempre perigosas. E ao arrepio de muita gente, tenho muito respeito por um certo PC e muito pouco respeito pela esquerda caviar ou a direita betinha...
Ambas precisam de aprender muito. A começar por mim que por ser católica não sou de direita, apesar de à tal esquerda convir que assim fosse!
Subscrevo a Júlia na seleção pertinente da citação de Eduardo Galeano com a qual me identifico na integra.
ReplyDeleteÉ na caridade que muitos se escudam para expiar/disfarçar as intenções dos seus pecados de soberba.
Depois de reduzidas e transformadas as diferenças em desigualdades emergirá novamente o terreno fertil para gerar os tão necessários(Para alguns) coitadinhos que ao aceitarem esmolas ficarão eternamente em favor e condenados a pagar faturas eternas,ou seja bem à mercê dos "homens caritativos"...
Não sei se temer a "Deus" é amor?! Não sei mesmo, mas sei que prevenir a insuficiência económica dos seus cidadãos faz parte das atribuições de um governo que se diz "Social Democrata" e temente a um Deus que dividia o pão...
Além de que conheço tantas alminhas caridosas que ostentam o seu
"sacrificio" de dar a esmolinha perante grandes plateias...