Tudo de passagem, assim foi desde o princípio - se as histórias têm princípio. A única certeza é a passagem e há quem se agarre ao momento presente, quem viva a esquiva de sucessivos futuros, quem se enrole no passado como numa toalha quente e há depois os que quiseram construir para si uma casa de palavras para no fim se darem conta que as palavras também se transformaram, mirraram ou fugiram.
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Mas há sempre um pequeno número que, apesar do passado, tentam transformar o presente e deixar no futuro uma qualquer marca. Sem alarde, sem mediatismos, sem revoluções.
ReplyDeleteMuitas vezes me emociono ao pensar em todos aqueles que, no silêncio dos seus dias, trabalham na investigação, na literatura, na arte. E que nós nem sequer conhecemos...
Uma velha Senhora triste, alegre dos copos. pisca-me o olho e dita:
ReplyDeletehelena alcipada
não fala de mim
a velha cansada
já quase no fim
parada ex-amada
tão só no jardim
rimalho o meu nada
co'a flor de jasmim
curei
doentes
sorri
sem dentes
falhei
morri
A uma velha Senhora que mesmo triste faz sorrir(...)
ReplyDeleteAssim como fazer da passagem a ponte do presente rumo ao futuro, da calidez do entardecer do ontem o aconchego do hoje para amanhã, do bulicio da fuga das palavras o embalar da saudade do estado de espirito morno...
Sem dentes
Não é o mesmo que sem dantes
sem dentes pode por implantes
na mesma sorrir e curar doentes
Sem dantes
não lhe revelaria como são importantes
as suas tiradas com piri piri picantes
somam vivos amores fraternos tolerantes
Mas antes vivi,
ReplyDeleteÓ se vivi.
Foram beijos e abraços
A que nunca fugi.
Hoje, quase no fim
Olho para trás,
E, apesar de ex-amada,
Tenho quem goste de mim.
Lindo, inteligente, terno,
O homem que consegui.
Um dia, Velha Senhora,
Acredite,
Esse amor, essa penhora,
Vai chegar também para si!
A helena alcipada
Tem-na sempre no pensamento.
Mas agora anda entretida
Em rimalhar o momento.
Convencida
De que tem algum talento!
Caro Alcipe
ReplyDeleteSe não estiver tão farto como eu estou das rimalhices desta minha velha Senhora, poderá publicar a réplica às suas e dela amigas, dras. Helena e Isabel:
tivesse eu algum talento
não o usava a rimalhar
o lamento sem alento
de ninguém querer-me amar
usava-o pra ter um cento
de amantes de quem gostar
com quem voasse no vento
e mergulhasse no mar
amar
o ar
o mar
principalmente
amar a gente
morrer contente