Os deuses, de fato,
Vivem ainda, mas lá nas alturas, em outro mundo.
Infinita é sua ação ali e aos Celestes parece
Importar pouco a nossa vida, pelo muito que de nós poupam.
Pois nem sempre os pode conter um vaso frágil e só
De raro em raro o homem suporta a plenitude do divino.
A vida é depois sonhar com eles.
Entretanto, o erro
É útil, tal como o sonho, e a aflição e a noite dão forças
Até crescerem heróis bastantes em berços de bronze,
De forte coração como os de outrora, iguais aos Celestes.
Hão de vir, trovejantes.
Porém, parece-me, por vezes,
Bem melhor dormir do que viver assim sem companheiros.
O que esperar, que fazer entrementes, ou o que dizer?
Não sei: e para que poetas num tempo de indigência?
Mas são, dizes, como os sacerdotes do deus das vinhas
Que, pela noite sagrada, iam de país em país.
(Holderlin, "Pão e Vinho", excerto, tradução José Paulo Paes)
"PORQUÊ POETAS EM TEMPOS"...
ReplyDeletePorquê???
Porque persistem
porque têm vida própria
Porque vem de dentro e não de fora
o gesto de chorar e de sorrir
(indomável vontade)
e assim vão, vida fora
no seu destino imenso
de curar
de lamber as suas próprias feridas
como se fossem da Humanidade...
La vie sans poesie n'a pas de sens et le monde sans poètes non plus.
ReplyDeleteNe soyez pas triste Cher Tim Tim, les hommes ne savent pas ce qu'ils font.
Bien à vous!
Merci, Helena!
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