Saturday, September 17, 2011

Para quê poetas em tempos de indigência?

Mas, amigo, chegamos muito tarde.
Os deuses, de fato,
Vivem ainda, mas lá nas alturas, em outro mundo.
Infinita é sua ação ali e aos Celestes parece
Importar pouco a nossa vida, pelo muito que de nós poupam.
Pois nem sempre os pode conter um vaso frágil e
De raro em raro o homem suporta a plenitude do divino.
A vida é depois sonhar com eles.
Entretanto, o erro
É útil, tal como o sonho, e a aflição e a noite dão forças
Até crescerem heróis bastantes em berços de bronze,
De forte coração como os de outrora, iguais aos Celestes.
Hão de vir, trovejantes.
Porém, parece-me, por vezes,
Bem melhor dormir do que viver assim sem companheiros.
O que esperar, que fazer entrementes, ou o que dizer?
Não sei: e para que poetas num tempo de indigência?
Mas são, dizes, como os sacerdotes do deus das vinhas
Que, pela noite sagrada, iam de país em país.

(Holderlin, "Pão e Vinho", excerto, tradução José Paulo Paes)

3 comments:

  1. "PORQUÊ POETAS EM TEMPOS"...

    Porquê???

    Porque persistem
    porque têm vida própria
    Porque vem de dentro e não de fora
    o gesto de chorar e de sorrir
    (indomável vontade)

    e assim vão, vida fora
    no seu destino imenso
    de curar
    de lamber as suas próprias feridas
    como se fossem da Humanidade...

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  2. La vie sans poesie n'a pas de sens et le monde sans poètes non plus.
    Ne soyez pas triste Cher Tim Tim, les hommes ne savent pas ce qu'ils font.
    Bien à vous!

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