Friday, January 14, 2011

Aliança das Civilizações

No Paquistão, um governador que ousou defender uma cristã, acusada de "blasfémia", condenada à morte por um tribunal islâmico, foi assassinado. O assassino foi coberto de flores por manifestantes islâmicos, nenhum governante ousou ir ao funeral da vítima, que todos os clérigos muçulmanos se recusaram a abençoar, e centenas de advogados se ofereceram já para defender gratuitamente o assassino.

Em Portugal, a população de Cantanhede manifestou-se em defesa de um jovem modelo, que assassinou, com requintes de crueldade, o seu parceiro homossexual.

Aliança de Civilizações!

5 comments:

  1. O caso do “jornalista” português não me parece que tenha qualquer comparação com a heroicidade do governador paquistanês.

    Há uma semana que se assiste a um triste folclore por parte dos órgãos de comunicação social portugueses. Entretanto, passou despercebida a morte de Vítor Alves, a campanha presidencial anda num modesto segundo plano e outras questões de maior importância para o país… dá tempo do FMI desembarcar na Portela e nem se dar conta!

    Portanto, o “jornalista” português também à conta da bárbara morte, está a passar à categoria de ilustre cidadão nacional o que não aconteceu ao governador paquistanês.

    Há, ainda, a presunção de inocência do jovem de Cantanhede até à decisão do tribunal americano…

    Isabel BP

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  2. Manifestar a favor de um assassino não me parece bem. Claro que não se podem comparar Salman Taseer e Carlos Castro! Estou inteiramente de acordo com a diferença de estatura dos personagens para que chama a atenção. Mas a presunção de inocência do jovem modelo parece-me fraca... Com muito menos provas quantas pessoas não têm já sido destruídas pela imprensa em Portugal? Posso ser preconceituoso e careta, mas a verdade é que não simpatizo nada com prostitutos e rejeito totalmente a homofobia...

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  3. Na minha opinião, neste caso, nenhum dos dois envolvidos é completamente inocente e houve um aproveitamento mútuo.

    Apenas as entrevistas concedidas pelo jornalista Guilherme de Melo, amigo de longa data do Carlos Castro, me têm surpreendido pela lucidez e isenção.

    Atendendo à minha idade, não acompanhei a vida profissional deste jornalista e tem sido uma agradável surpresa como alguém de 80 anos, o primeiro homossexual assumido em Portugal, descreve este trágico acontecimento de uma forma tão racional e com críticas para ambos.

    Isabel BP

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  4. Por sistema, sempre me recusei a ter opiniões e, sobretudo, a tomar partido neste casos de tabloidização das tragédias.
    Ao contrário dos milhões de portugueses que sabem, de ciência certa, quem foi o monstro que matou a “pequena Esmeralda” ou a “pequena Maddie”, que sempre tiveram certezas absolutas sobre a pedofilia “enrustida” (passe o brasileirismo) de Carlos Cruz, recuso juntar-me à discussão mais ou menos mórbida sobre os esgotos da mente e do comportamento humanos, tema de “assembleias plenárias” em autocarros suburbanos e imorredouras obras jornalísticas, literárias ou audiovisuais.
    Mas neste caso, permito-me algumas observações.
    Temo que exista uma pulsão, provavelmente provocada por homofobia mais ou menos consciente, que leva a relativizar os actos de extrema violência que levaram à morte da vítima.
    Acontece que se assiste a um claro pendor para aquilo que Alcipe sublinha no post, isto é, uma descupabilização ou, pelo menos, uma tentativa de nivelamento de responsabilidades entre os dois actores da tragédia. A simpatia cai para o lado do assassino, jovem e “bonito”, por oposição à vítima, decadente e “velho”, corruptor e lúbrico.
    De facto, espanta-me que se possa dizer que “nenhum dos dois envolvidos é completamente inocente e houve um aproveitamento mútuo”.
    Claro que é verdade; mas devem distinguir-se algumas coisa.
    São ambos culpados da prática de prostituição? Claro, um vendeu-se e outro comprou. Da vida oca e balofa que faz as delícias dos tablóides, das televisões tabloidizadas, e dá a volta a cabeças infantilizadas e também ocas dos Renatos desta vida? Seguramente. De sonhar e fantasiar com a estéril condição dos “famosos” da nossa praça? Nada mais certo.
    Mas há um pequeno e insignificante pormenor que destrói o equilíbrio: é que houve um assassinato acompanhado de extrema violência e crueldade. E há um assassino e uma vítima; há um assassino que torturou, massacro e mutilou e uma vítima que sofreu esses horrores.
    Portanto, nenhum deles é “completamente inocente” mas há um homem que matou e um que foi morto. E aí, há um mais culpado do que outro ou, melhor, um culpado e um inocente. Um que carrega uma culpa enorme e repulsiva, e um absolutamente nada culpado e definitivamente privado de futuro, de esperança de felicidade e da possibilidade morrer placidamente.
    Independentemente de o jovem prostituído vir ou não a ser condenado por isso.

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  5. E a arrogância da família do prostituto (que "dormia no sofá") a exigir da nossa diplomacia mais protecção para o assassino? Repugnante...

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