(Henri Matisse, Autoportrait)
a fotografia
libertou a pintura e a pintura (feroz
entre donatellos)
aprisionou Matisse ao coxim da idade
à doença
o cabo comprido da broxa
de pêlo redondo a riscar a parede ao fundo
a tesoura a recortar figuras
de jazzístico entusiasmo para lá da marroquina
maneira
sobre o colo
e três aves sobre a gaiola aberta
ao lume do dia
falei já de padrões de tecido
pigmentos detalhes
trovo agora sobre o fêmeo prazer
de pintar
do ofício de pôr no mundo clarões
e sombreados
retinianos provimentos obstados por atormentadas
vanguardas
a última: o dinheiro
o que hoje redijo é pobreza
e desenho
esboço hesitado a dar notícia
do que ficou por olhar à retaguarda
longe do pelotão que progride
do simulacro para o simulacro pelo
simulacro
também eu repeti em tempos: a pintura morreu
do alto de uma infeliz sobranceria
articulando a um canto da juventude
o compósito equívoco de uma
instalação
recostado nos séculos (os que foram
os que ainda)
e trabalhando de pijama (mamai desta largueza ó
sadios empregados-por-conta-de-outrem)
o velho Matisse ensina-nos pelo menos duas
coisas:
a morrer
aproximando-se
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