Saturday, April 18, 2015

ILHA DE CAPRI, poema de João Miguel Fernandes Jorge, em "Mirleos", 2015

O odor o mar os figos
o sal cortava as ruelas
o vento sobre os terraços
entre os ramos dos limoeiros
na agrura do fruto da piteira
no cipreste no muito alto do céu. Répteis
senhores do muro de pedra
guardiães de vinhedos
cepas arrancadas ao chão do Vesúvio. A
rapariga certeza lembrada de cristal
sabor de pão recém-saído do forno
pisou a tela do moço Henrique
ficou prisioneira na paisagem no colorido
no meio do ar
o rosto límpida figura de faiança antiga
tão perto dos séculos

depois
e bem antes do sentimento
à luz da água marinha
soltou os cabelos do lenço vermelho
p'la extrema do horizonte

Ilha de Capri, óleo sobre madeira, Henrique Pousão, 1883, Museu Machado de Castro, Coimbra

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