A primeira vez que o encontrei, tinha eu quinze anos, foi em 1966. Com o meu tio João, víamos na companhia do Miguel Galvão Teles (a mais brilhante inteligência jurídica que eu conheci, disse-me uma vez o meu tio), pela televisão a preto e branco, o lendário Portugal - Coreia do Norte. Com o espanto de alguém que nunca soube entender até ao fim a paixão do futebol (não é, Miguel Castro Mendes?) , eu vi aquela brilhante mente jurídica atirar-se ao chão e bater com as mãos no soalho, na euforia plena dos golos de Eusébio. Foi meu professor de Direito Constitucional, encontrámos-nos na política nos anos de brasa do PREC, amigos sempre. Hoje, ao saber que partiu, lembro a pura alegria desse jogar-se sobre o chão em festejo do golo do Eusébio, como uma manifestação dessa alegria que, diz Espinoza, "aumenta a potência da alma", e que está, tem de estar, sempre por detrás de uma grande, de uma insaciável inteligência.
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