Wednesday, August 20, 2014

O que li nas férias (se isso pode interessar alguém…)

Um excelente livro de crónicas, chamado "Ouro e Cinza", desse grande escritor que já é Paulo Varela Gomes.

Um magnífico livro de poesia chamado "", de um poeta novo a impor-se, Daniel Jonas.

Um romance que li até ao fim, com gozo e vontade de não o deixar antes de acabar (cada vez mais abandono os romances ao fim de 20 páginas; ou então acabo-os e fico furioso de frustração… feitios!): "Tão longo amor, tão curta a vida" do Hélder Macedo

Uma antologia de poesia, a que ponho muitas reservas, por alguns que exclui (José Régio, essencialmente) e por alguns que inclui (j'en passe).  Mas tem pelo menos o mérito, para além das escolhas evidentes,  de incluir um dos maiores poetas portugueses vivos, de que pouco se fala: Fernando Echevarría.  Trata-se de "Verbo. Deus como interrogação na poesia portuguesa", antologia organizada por Pedro Mexia e José Tolentino Mendonça.

Uma preciosa tradução das Cartas a um Jovem Poeta de Rilke, feita pelo Vasco Graça Moura, desconheço se edição recente (a data do exemplar que comprei é 2014) ou já reedição. Os meus cinco leitores sabem que eu ando agora a brincar à volta desse livro…

A edição portuguesa (finalmente!) de uma banda desenhada de autor português que é já de culto em França: "A Pior Banda do Mundo" de José Carlos Fernandes.  Magistral e divertidíssima!

E descobrir como, nas suas lições de 1979 sobre o ordoliberalismo alemão, Foucault descobria a chave dos tempos que estamos a viver:  "Un État sous surveillance de marché plutôt qu'un marché sous surveillance d'État" - Michel Foucault, "Naissance de la biopolitique. Cours au Collège de France 1978 - 1979", Paris, 2004

Espreitam-me da estante, à espera, como gatos curiosos, Cláudio e Constantino da Luísa Costa Gomes e o robusto Piketty. A tese do Diogo Pires Aurélio sobre Espinoza desafia-me com ironia e sem disfarçar: Irás mesmo ler-me?

Ora, para tão longas leituras tão curtas as férias...


3 comments:

  1. Claro que interessa o que lê, para mim é uma excelente triagem, além de que de facto é surpreendente o quanto lê e digere...

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  2. a antologia verbo, deus como interrogação, etc, tem todos os ingredientes para constituir se numa empresa que falha e o gosto pessoal é sempre um bom criterio em antologias.
    da possibilidade de ter uma centena foi se cortando, cortando, até ficarem 13. contas feitas, 87 não couberam e 3 ou 4 poetas canónicos ficaram fora.
    josé regio não está nem jose agostinho baptista.
    um dos antologiadores não está, gesto habitual dos antologiadores, percebe se.
    14,40€ e 230 pp, vale a pena comprar? os nomes dos 2 organizadores podem levar a comprar sem pensar.
    os 13 poetas antologiados não têm direito a uma mesmo pequena nota bio-bibliografica, o leitor deve saber tudo sobre eles. eu não sei, ignorancia, quem é carlos poças falcão.
    de adilia lopes, provocatória à cesariny, leio que cristo é esta osga e que jesus cheira a morto, a alboroto, a aborto, a arroto e deus é a nossa mulher a dias.
    comprar? não comprar? quando cheguei a casa e comecei a ler, vi que não devia ter passado pela caixa, há faltas e há inclusões que só se percebem à luz desses critério expostos subjectiva e vagamente no prefácio, está o que gostamos, o que não gostamos ou não tem espaço não está! no leitor e no que espera ou no que está estabelecido e consagrado não se pensou portanto.
    por mim, aconselho a não comprar, conselho que leva muitas vezes a comprar...

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    1. Carlos Poças Falcão é um excelente poeta, Patrício Branco. Ninguém conhece os poetas mais recentes, encontrei nestas férias um amigo meu alto funcionário do Ministério da Cultura que ficou muito surpreendido quando lhe disse que publicava poemas. "E eu conheço bem a poesia contemporânea" alegava. Perguntei-lhe quais eram os poetas mais recentes que conhecia. "Ruy Belo e Herberto Helder" respondeu. O meu amigo não é inculto nem insensível. Mas as pessoas a certa altura param no tempo.

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