Sim, somos do Sul.
Teve razão em reparar em nós.
Somos aqueles que passámos de pedreiros e mulheres a dias,
que cumpriam as suas tarefas com modéstia e simplicidade,
a devedores alegres e inconscientes,
que vivem a custa dos sacrifícios
dos operários da Renânia -Palatinado. Somos nós mesmos, gnaedige Frau
Que lhe posso dizer mais? O seu povo sabe bem o que é culpa
e sacrifício.
O meu talvez não.
Mas, sabe, há uma questão menor que às vezes me ocorre:
porque andam tão zangados os nossos ricos,
agora que estão a ganhar todas as guerras?
Será que se lhes ocorre (a eles que tão pouco lêem)
Stalingrad?
Teve razão em reparar em nós.
Somos aqueles que passámos de pedreiros e mulheres a dias,
que cumpriam as suas tarefas com modéstia e simplicidade,
a devedores alegres e inconscientes,
que vivem a custa dos sacrifícios
dos operários da Renânia -Palatinado. Somos nós mesmos, gnaedige Frau
Que lhe posso dizer mais? O seu povo sabe bem o que é culpa
e sacrifício.
O meu talvez não.
Mas, sabe, há uma questão menor que às vezes me ocorre:
porque andam tão zangados os nossos ricos,
agora que estão a ganhar todas as guerras?
Será que se lhes ocorre (a eles que tão pouco lêem)
Stalingrad?
Parabéns meu caro Alcipe. É muito difícil, em poesia, "questionar", "pôr em causa". Você tem esse dom e fa-lo de modo admirável.
ReplyDeleteÉ uma poesia de intervenção que não deixa ninguém indiferente!
bem na mouche e muito bem, meu caro alcipe.
ReplyDeletea) franquelino da motta
Quem dera!E talvez ainda possa ser no dia em que a palavra de ordem for: "Não recuar nem mais um passo!"
ReplyDeleteIRONIAS
ReplyDeleteVisceral
era o medo do medo
sentido
contaminado
era o medo
que crescia de perto
com a gente
o medo do comunismo
um medo dado como certo
eles tiram tudo
até os cântaros e os burros
e as albardas
a eira
os campos...
queimam as igrejas e as batinas
e despejam ricos e remediados
até tudo ser pequeno igual e pobretana...
era assim o medo
mitigado
presente alerta
consciente ou não
a mim que estou algures entre o tudo e o nada
que construí o que sonhei
estudei
e pari em liberdade
a mim não
(terá sido distracção)
mas fui poupada
não nunca foi deles
(nem doutros)
nem comi do bolo
nem provei sequer
Hoje SIM tenho medo
um medo que cresce desalmado
e me aparece em sonhos azedo
demónio de asa
medo
medo de ficar
morta de pranto
a olhar de longe
a minha própria casa
Cara ERA UMA VEZ
ReplyDeleteLindo, forte, oportuno. bjo
Obrigada Helena.
ReplyDeleteAinda bem que gostou.
(Antes não o tivesse escrito)
O abraço de sempre