ELEGIA BREVE À POESIA
fugitivo passar pela retina,
no virar de uma esquina ou de um silêncio,
a tua ausência é este ensombramento,
porém que a despedida seja breve
e que voltes com um relâmpago, um
desvendar-se do mundo entrecortando
dobras desamparadas do real.
e eu pergunto: que vozes do crepúsculo
se apagavam então? talvez o vento
agitasse tristezas na folhagem,
e esse fosse o frémito dos seus
melancólicos sinais rumurejando,
ou talvez fosse a cama de um hospital
e o branco desolado das paredes
e a mudez de estranhos aparelhos,
ou talvez fosse o próprio esquecimento
de que irias voltar, ou resvalar
numa lenta passagem de tercetos.
[in Revista Relâmpago n.º 27, com data de Outubro de 2010, mas distribuída agora]
(copiado do blog do João Mário Silva, com as minhas desculpas)
Alcipamigo
ReplyDeleteVasco Graça Moura tem tanto de bom poeta, de bom escritor e de bom tradutor como tem de péssimo político. Há pessoas que se deviam quedar pela literatura, como é o caso dele, como é o caso de Manuel Alegre.
Abç
... e que tal um pulinho à minha Travessa? Obrigado
É um grande poeta. Para além das nossas insanáveis divergências políticas, é meu amigo.
ReplyDeleteVisitarei com muito gosto a Travessa do Ferreira. Venha também visitar-me. meu caro.
Meu caro Alcipe
ReplyDeleteGosto muito da poesia de VGMoura. Como também gosto da de MAlegre.
Mas porque será que qualquer deles insiste em fazer política e não apenas aquilo em que são muito bons?!
Nem é tanto um problema de divergência política, mas sim dedicarmos o nosso tempo ao que fazemos melhor. É o chamado custo/ benefício...
observando o vocabulário, penso que a chave deste poema está nos vocábulos visuais:
ReplyDeleteretina, ensombramento, relampago, crespusculo, apagavam, branco das paredes,
combinados com os da ideia de caminhar para um final: crepusculo, apagavam, esquecimento, resvalar.