Friday, May 14, 2010

Homenagem ao juiz Baltazar Garzón

Um poema de Jaime Gil de Biedma:

AÑOS TRIUNFALES

Media España ocupaba España entera
con la vulgaridad, con el desprecio
total de que es capaz, frente al vencido,
un intratable pueblo de cabreros.

Barcelona y Madrid eran algo humillado.
Como una casa sucia, donde la gente es vieja,
la ciudad parecía más oscura
y los Metros olían a miseria.

Con luz de entardecer, sobresaltada y triste,
se salía a las calles de un invierno
poblado de infelices gabardinas
a la deriva, bajo el viento.

Y pasaban figuras mal vestidas
de mujeres, cruzando como sombras,
solitarias mujeres adiestradas
- viudas, hijas o esposas -

en los modos peores de ganar la vida
y suplir a sus hombres. Por la noche,
las más hermosas sonreían
a los más insolentes de los vencedores.

Jaime Gil de Biedma, Moralidades, 1966
(na sua primeira edição este poema intitulava-se De los años cuarenta)

1 comment:

  1. Caríssimo Alcipe,

    Junto-me inteiramente à sua justíssima posição de grande indignação contra a suspenção de funções judiciais de Baltazar Garzón através deste poema de abominável retrato dos primórdios do Franquismo.

    Uma democracia que permita esta impunidade e este desprezo contra um dos mais fortes arautos da luta contra os crimes lesivos da Humanidade como nos manifestou na sua acção no caso de Augusto Pinochet e nos casos agora incómodos dos crimes do Franquismo, coloca em causa, eventualmente, o elementar princípio de dar livre curso à Justiça de um Estado de Direito.

    Dizia que uma democracia destas, capaz destas nefastas e muito estranhas decisões, só pode pertencer definitivamente à categoria das "democracias musculadas" que pretendem o branqueamento da História e da Justiça!

    Saudações cordiais, Nuno Sotto Mayor Ferrão
    www.cronicasdoprofessorferrao.blogs.sapo.pt

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