Para alguns (Megnad Desai, por exemplo) toda a distorção do hinduísmo tolerante e aberto (seria?) começou com o Brahmo Saj, com a tentativa liberal e progressista, mas sincrética e portanto descaracterizadora da essencial diferença hinduísta relativamente às religiões do Livro, de fusão intelectual Oriente - Ocidente, iniciada em Bengala a partir do Ranmohan Roy (princípio do século XIX) e que veio culminar no século passado no Tagore por um lado, no Ramakrishna e no Vivekananda por outro. O romance "Gora" de Tagore reflecte bem toda essa tensão e os debates e contradições dela nascidos, que o Mircea Eliade nunca conseguiu entender (por isso "La nuit bengali" é a história de um grande equívoco).
Como o próprio Nandy aponta, tudo isto é comparável com o debate eslavófilos - eurófilos, que dividiu (e continua a dividir) a Rússia.
Para esta posição a ocidentalização é que induziu o hinduísmo radical e extremista. Não foi por acaso que o RSS matou o Gandhi (o democrata religioso) e não o Nehru (o socialista ateu).
O que estas teses omitem (tal como os Hindutvas, com quem não os devemos misturar) é que a Índia só existe se for plural : um Hindustão seria forçosamente ou uma manta de retalhos ou um Paquistão multiplicado por um bilião (perspectiva que é o sonho de Al Qaedas, talibãs e Hindutvas - mas não do Ashis Nandy, suponho eu, nem de quem não goste excessivamente de bombas todos os dias ao pequeno almoço... ).
Continuo na minha e comigo os velhos marxistas como o Tariq Ali e o Perry Anderson : os pós - coloniais, com as melhores intenções do mundo, levam-nos para companhias muito esquisitas...
No comments:
Post a Comment