Tuesday, November 30, 2010

O futuro

"Antigamente, também o futuro era melhor"

(Karl Valentin)

Stand de Portugal no bazar diplomático de Nova Deli

Saturday, November 27, 2010

Recado pessoal

PONT-MARIE

Saudades de viver
à míngua do teu corpo
-iremos esquecer
a sede nesse rosto?

Ou é porque lembramos
e não queremos dizer
que dura nestes anos
toda a luz por esconder?

(do meu livro "O Jogo de Fazer Versos", 1994)

Sunday, November 21, 2010

Mais uma vez Goa...

IDYLL

When Goa was Goa
my grandfather says
the bandits came
over the mountain
to our village
only to splash
in cool springs
and visit Our Lady's Chapel.
Old ladies were safe
among their bags
of rice and chillies,
unperturbed
when souls restless in purgatory
stoned roofs
to ask for prayers.
Even the snakes bit
only to break the monotony.

Eunice de Souza, in "Fix" (1979)

Wednesday, November 17, 2010

Adeus a Goa : 1871

"Noutro número das "Farpas" lembrámos a respeito das colónias este grande melhoramento - vendê-las! Ocorre-nos outro ainda maior a respeito da Índia - dá-la!"

(Eça de Queiroz, "As Farpas", Setembro de 1871)

Tuesday, November 16, 2010

Adeus a Goa : 1888

"Quanto a nós, habituados a ver nos homens os joguetes da necessidade e convencidos de que o estudo da História requer aquela apatia sublime que abre mão de todos os interesses humanos ante a majestade das leis naturais, lamentando a sorte dos últimos portugueses da Índia, mas admirando a habilidade dos seus vencedores, não nos surpreendemos ao assistir ao desenlace desta contenda histórica. Ela é o resultado directo da estrutura mental dos dois adversários. Cada homem traz dentro do peito o seu destino"

(Moniz Barreto, in "O Reporter", 2 de Junho de 1888)

Monday, November 15, 2010

Adeus a Goa

O que amaste verdadeiramente fica:
e os que te ofenderam,
esses ficarão?

"What you lovest well remains,
the rest is dross"

(Ezra Pound)


Farewell, my dear friends!

Good bye, my dear dross!

Thursday, November 4, 2010

Autocrítica 2

É verdade que as funções que exerço não me permitem dizer tudo o que penso...

Autocrítica

Sei que não soube (não fui capaz) de experimentar e de pensar tudo o que a Índia me ofereceu, simplesmente pela sorte que eu tive de aqui ter vivido quase quatro anos.

Algo em mim se crispou e a experiência precisa de leveza; algo em mim endureceu e o pensamento precisa de equanimidade (estou com Séneca: nunca louvar nem lamentar, mas sim compreender).

O pensamento indiano pode ser agressivo, mas é ao mesmo tempo acolhedor, ricamente diversificado e heterogéneo e profundamente argumentativo, para usar a conhecida expressão de Amartya Sen. O pensamento ocidental sobre a Índia tem montes de lixo, mas encontram-se pérolas e jóias lá dentro (e autores incontornáveis).

Agora que parto, prometo a mim próprio repensar de longe a Índia, esta Índia impossível de reduzir a fórmulas e a frases, mas infinita no dom da sua experiência.

Esta Índia que é muito mais do que os milionários do crescimento dos 9% do PIB e os gurus da espiritualidade cobrada ao dólar.

Esta Índia, que tem a maior pobreza da Terra, mas que não é uma terra de mendigos.

Esta Índia que tem a maior diversidade religiosa da Humanidade, mas que constantemente trabalha, cria e inventa.

Esta Índia que construíu a mais improvável democracia do Mundo, no meio de um dos mais terríveis exemplos de "som e de fúria" da História.

Assim me ajude Ganesha!