Monday, August 30, 2010

Comigo me desavim...

"O ministro dos Negócios Estrangeiros francês, Bernard Kouchner, afirmou hoje à rádio RTL que "pensou na demissão" em face da polémica acerca da expulsão de ciganos, mas que não o fez porque "sair é desertar".

Bernard Kouchner, que antes de entrar na política foi durante longos anos defensor dos direitos humanos, afirmou "não estar contente com o que aconteceu" e admite que a imagem de França foi afectada por esta política do Governo, que mereceu críticas das Nações Unidas e do Vaticano.
Kouchner considerou no entanto que a França, enquanto um dos principais países receptores de candidatos a asilo, "não tem nada de que se envergonhar".
O ministro afirmou que, de "coração apertado" com este caso, pensou na hipótese de se demitir, mas não o fez por considerar ser mais importante "tratar melhor" do assunto: "É importante continuar. Sair é desertar, é aceitar".
Questionado sobre se abordou essa hipótese de se demitir com o Presidente, Nicolas Sarkozy, o ministro respondeu: "Se não falarmos com o Presidente, falamos com quem?".
O Governo francês foi fortemente criticado pela sociedade civil, pela esquerda e pela Igreja pela sua política de desmantelamento dos acampamentos ilegais de ciganos e a expulsão de centenas de pessoas desta etnia em situação irregular para a Roménia."

(Diário de Notícias)

"Comigo me desavim

Comigo me desavim,
Sou posto em todo perigo;
Não posso viver comigo
Nem posso fugir de mim.

Com dor da gente fugia,
Antes que esta assi crecesse:
Agora já fugiria
De mim , se de mim pudesse.
Que meo espero ou que fim
Do vão trabalho que sigo,
Pois que trago a mim comigo
Tamanho imigo de mim?"

(Sá de Miranda)

3 comments:

  1. Caro Alcipe,
    Cheguei aqui através do Duas ou Três Coisas... e vou fazer link deste post...
    Um abraço.

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  2. que fascinante teria sido acompanhar sá de miranda na sua viagem reanascentista a itália e em especial durante a sua estadia em roma. Que senhor devia ser esse homem, poeta menor que luis de camões, mas tambem maior que este noutros aspectos e no refinamento.

    Irritam me os personagens que dizem pensei fazer isto mas não fiz, como se isso os desculpasse e tudo ficasse resolvido, na paz da consciência e perante os outros.
    Talvez kouchner queira agora sair ou fugir dele próprio...

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