Sunday, August 23, 2015

Verão e memória de Ruy Belo


A angústia que nasce num dia de verão
pode bem ser fugidio nevoeiro
a esvair-se no tempo da sua promessa
e a dizer-nos com força que não temos razão

em duvidar da vida e da nossa presença
junto à terra e ao mar, aqui nestas areias
onde o tempo afinal nem começa nem pensa
e o sol tudo apaga em qualquer estação.

Eu lembro Ruy Belo no final deste verão,
mas a vida larguei aqui por esta praia
e o reencontro fez-se contida paixão
com o verso a fluir e a vida tão escassa...

A angústia que nasce num dia de verão
é do tempo e da terra uma só comunhão.


4 comments:

  1. lembro-me desse 8 de agosto de 1978 e de na av de berna passar pela igreja de n s de fátima às 2 da tarde e de lá entrar com o joão m fernandes jorge, etc etc

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  2. “Um Dia Não Muito Perto Não Muito Longe”

    Às vezes sabes sinto-me farto
    por tudo isto ser sempre assim
    Um dia não muito longe não muito perto
    um dia muito normal um dia quotidiano
    um dia não é que eu pareça lá muito hirto
    entrarás no quarto e chamarás por mim
    e digo-te já que tenho pena de não responder
    de não sair do meu ar vagamente absorto f
    arei um esforço parece mas nada a fazer
    hás-de dizer que pareço morto
    que disparate dizias tu que houve um surto
    não sabes de quê não muito perto
    e eu sem nada pra te dizer
    um pouco farto não muito hirto e vagamente absorto não muito perto desse tal surto
    queres tu ver que hei-de estar morto?
    Ruy Belo

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  3. Subscrevo a minha terna e doce HSC assim como também o bom gosto de Patrício branco

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