Monday, July 27, 2015

TODTNAUBERG 2

TODTNAUBERG 2

Há um campo liso por detrás de todas as montanhas
a lembrar-nos que a beleza conduz ao vazio
e quem não souber glosar este tema
pode sempre patinar por cima de gelo liso,
"paraíso para quem sabe dançar", dizia o outro, o de Sils Maria,
antes de enlouquecer.

O velho não enlouqueceu. Sabedoria manhosa dos camponeses de Bade.
Esperar no dia a dia do sendo o acontecimento do Ser,
virado para a Morte no regaço do Tempo
(em alemão é assim, sempre com maiúsculas) e entretanto mentir,
mentir à mulher, mentir aos alemães, aos nazis, aos americanos
e depois aos franceses e finalmente receber os judeus,
ele "o mestre vindo da Alemanha" a olhar "os teus cabelos negros, Sulamita"
nos caracóis da Hannah Arendt. "Tantos anos" murmurou...

Habitava poeticamente, como dissera do outro de Tubingen,
numa cabana pequena e sem nada de particular,
fechada agora e na posse da família.
Sabedoria dos camponeses
de Bade Wurtenberg...

(citações do poema Fuga da Morte de Paul Celan)




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