Sunday, August 4, 2013

Uma canção de Juliette e um poema de Golgona Anghel



Rimes Féminines, Juliette


NÃO GOSTO DE CONTAR OS DESASTRES EM DETALHE
mas, se quiserem, posso escrever uma lista com nomes e camas.

Sou bem capaz de molhar o pezinho na história da barbárie,
condecorar o medo,
cortar-me a mão com que limpo as feridas
de uma civilização em queda.

Posso perfeitamente
ir afiando o gume da esperança
com a flor branca de um cancro.

Sou, em definitivo, este comediante de rua
que serve a desconhecidos,
em copos pequenos,
a medida certa da sua agonia.
Descobre sonhos
onde outros só encontram coelhos.
Hoje por exemplo, quandi tirou as luvas,
viu que lhe faltavam dedos.


(Golgona Anghel, em Como uma Flor de Plástico na Montra de um Talho)

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