Sunday, June 23, 2013

Um imenso adeus - 1: a letra


As tensões que têm vindo a público entre Bruxelas e o FMI podem ditar o fim da 'troika', noticiou hoje o diário espanhol El País.
Na manchete do jornal lê-se "A 'troika' entra em crise devido às tensões entre Bruxelas e o FMI", com o jornal a citar várias fontes comunitárias para quem a equipa constituída por Comissão Europeia (CE), Fundo Monetário Internacional (FMI) e Banco Central Europeu (BCE) tem os dias contados.
Segundo "fontes próximas do FMI", a Europa "continua em Estado de negação com a Grécia", que necessita de uma nova reestruturação da dívida, e também "com Portugal e Irlanda", que vão precisar de outro tipo de apoios e "algo mais no caso português". Quanto ao Chipre, diz a mesma fonte, está no "caminho do desastre".
"Morte à troika", resume de forma mais dura um alto funcionário de Bruxelas, que diz que este vai ser o resultado dos erros cometidos nos resgates aos países da periferia europeia, sobretudo na Grécia e em Chipre e, em menor medida, em Portugal e na Irlanda.
Por estes motivos, diz o El País, o casamento entre Bruxelas e o FMI está à beira do divórcio, talvez porque começou mal. Em 2010, explica o jornal, com a Grécia em graves problemas, a Comissão Europeia apresentou aos Estados-membros o esboço de um Fundo Monetário Europeu para gerir resgates, mas a Alemanha negou de imediato. Berlim não confiava na CE devido à sua inexperiência em resgates e receava os riscos de politização.
No entanto, lê-se no El País, a excelência técnica da 'troika' acabaria por não surgir o que levou recentemente a acusações mútuas entre a CE e o FMI, com o BCE a estar semiausente da discussão
No início de Junho, o FMI fez 'mea culpa', num relatório em que admitiu "erros notáveis" na abordagem do programa do primeiro resgate financeiro à Grécia (2010), o que foi visto como um ataque a Bruxelas.
O Fundo veio ainda dizer que é impossível lidar com uma miríade de primeiros-ministros, ministros das Finanças, comissários, funcionários do Eurogrupo e falcões do BCE e que o programa de ajustamento feito em Atenas se baseou em pressupostos irrealistas.
Bruxelas não gostou da deslealdade e, a 07 de Junho, o comissário europeu para os Assuntos Económicos acusou o FMI de "lavar as mãos e deitar a água suja para os europeus".
Apesar destas palavras duras, em público, Olli Rehn continua a afirmar que os programas seguem no bom caminho, mas já em privado, escreve o El País, fontes comunitárias assumem que o resgate à Grécia "não funciona" e prevêem uma nova reestruturação da dívida como pede a instituição liderada pela francesa Christine Lagarde. E dizem que também os resgates de Portugal e da Irlanda deixam muitas dúvidas.

(Diário Económico)

2 comments:

  1. Alcipe com toda esta barafunda, pergunto: se sairmos do euro quem é que nos empresta dinheiro, além do FMI? Quem é que antes o fez?
    Não seria de pensar bem nisto, antes de desfazer a troika? E o dueto restante o que é que nos garante? 99.000 euros intocáveis?
    Francamente, economia e política não foram feitas para se entenderem...
    Custa-me imenso estar sob a pata da troika, mas vivi no BdP duas intervenções do FMI. Por isso, julgo saber alguma coisa do assunto, e por mais que o Presidente do BCE prometa tudo e mais alguma coisa para salvar o euro, não me convence, porque o problema real não está nas suas mãos.
    Falamos muito e pensamos pouco!

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  2. Os interesses que o FMI defende sao diferentes dos interesses que a Europa esta a defender ( dos credores alemães, essencialmente, mas nao so). Dai o FMI aparecer mais lúcido ( nao pode continuar a dourar a pílula para os europeus, tem mais accionistas

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