Wednesday, June 5, 2013

António Pinto da França



A voz alegre e entusiasmada dele, ao telefone, em Janeiro, a convidar-me para um debate em Tomar, a ter lugar em Maio, sobre a nossa comum condição de escritores e diplomatas, juntamente com o Paulo Castilho - e com um aliciante convite para ficarmos na Quinta, agasalhados (como se dizia antigamente) por ele e pela Sofia e ainda com a promessa de visitarmos a biblioteca do antepassado António Bernardo da Costa Cabral...

Como resistir a este convite, de um dos homens de mais fina sensibilidade aos outros e empatia com outras culturas e modos de vida que me foi dado conhecer?

Entretanto o acidente, a incerteza, a hipótese (talvez, talvez) de ainda o termos connosco, a certeza de que não o iríamos encontrar a fechar-se progressivamente à nossa volta, a decisão de irmos de qualquer modo ao colóquio em Tomar (era o que ele quereria certamente que nós fizéssemos) e o que eu escrevi então aqui:


O convite fora-nos feito pelo nosso comum amigo e finíssimo memorialista e contista António Pinto da França, que iria orientar o debate. Tal não foi possível e desejo daqui as melhoras e a pronta recuperação do nosso colega e amigo, alguém "fino como um coral", como antigamente se dizia e um dos diplomatas que eu conheci mais capazes de compreender e de se deixar transformar (sem se converter) por uma cultura estranha, por um modo de vida diferente, pelo plural e mestiço tecido das civilizações. Fazem tanta falta pessoas assim!

António, faz-nos mesmo falta!

 



2 comments:

  1. mesmo sem ele, o debate podia ir à frente, seria seguir a sua ideia, era um debate tambem dele, e uma homenagem...
    um memorialista e um diarista, algo que muitos outros diplomatas deveriam ter, manter um diário que pudesse mesmo ser publicado. (nota: existe o marcello mathias tambem publicado, como bom diarista, talvez outros, não sei)
    homem de humor e amizade, profissional verdadeiro, escritor, conversador.
    uma vez, procurando numa pequena livraria duma pequena cidade de provincia um livro para ler nos dias que lá estaria encontrei um livro de contos dele, algo como teatro da memória, que comprei e comecei e ler no hotel.
    condolencias sentidas.
    e deve ter uma arca com mais e interessantes escritos, à espera...

    ReplyDelete
  2. Foi um grande choque ter sabido hoje da sua partida. Sim, como alguém dise acima, fará muita falta. As minhas sentidas condolências a Dona Sofia e demais familiares. MCM

    ReplyDelete