Saturday, June 1, 2013

O túnel ao fundo do túnel



Voltámos às declarações conjuntas franco-alemãs! Para quem, como eu, que por muito crítico que seja em relação a esta Europa que temos, reconhece que os nossos problemas só têm solução a uma escala europeia, isto é uma boa coisa. Vem, aliás, na sequência do clima de "Grande Coligação" que se sentia em Leipzig, no 150º aniversário do SPD.

O reconhecimento pela França da necessidade de um governo económico da zona euro, o reconhecimento pela Alemanha da necessidade de avançar com mais determinação no sentido da união bancária são dois bons sinais. O método comunitário é atropelado pelo intergovernamental (veja-se a dureza com que Hollande tratou agora a Comissão, depois das críticas feitas por Berlim à mesma instituição)? A Europa, gostemos ou não, avançou sempre por impulso dos governos e sob a égide do eixo franco-alemão (Delors só foi possível graças a Kohl e Mitterrand) contra as resistências britânicas (e vamos vê-las já no próximo Conselho Europeu, mas cada vez com menor cumplicidade de Berlim, que agora percebeu o que aí vem e já aprendeu a "domesticar" a França). A questão séria da democraticidade das instâncias deste governo económico irá ser necessariamente colocada, pelo Parlamento Europeu como pelo Tribunal de Karlsruhe. E o delicado problema das relações entre a União Europeia dos 27 e a Eurozona dos 17 terá que se decidir necessariamente numa futura revisão dos tratados. Mas essa revisão deixou de ser, para os alemães, condição prévia para uma união bancária e para um Presidente do Eurogrupo a tempo inteiro. E isso foi um avanço real.

Não é o melhor dos mundos possíveis. Não é ainda a luz ao fundo do túnel, é só um bocadinho mais de túnel. Para nós portugueses continuará a penitência, a troika, o pão e a água (privatizada). Mas a única maneira de nós, portugueses, sairmos disto será pela Europa. Por uma outra Europa. E nunca será saindo do euro.



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