Tuesday, October 29, 2013

Geração

Anoitece a alguns a breve vida,
a outros se desfaz na praça pública.
A nossa geração, sim,  foi à guerra:
mas ganhá-la foi tê-la por perdida...

Fizemos na verdade o que devíamos?
Sem memória deixámos quem ficou.
Tudo que nos fizeram merecíamos?
Nem aos vindouros sorte bafejou.

Guardas vermelhos na idade ingrata
agora a dizer missa nos jornais...
A História se repete numa farsa,
já que  livros vermelhos há demais!

Eu direi sempre que valeu a pena,
mas a alma a pagar juros é pequena.



9 comments:

  1. Pede a 'velha senhora' licença para dizer que gosta muito mais, no fundo e na forma, desta versão do final do soneto do que da anteriormente avançada (com o Hayek em Viena e a não sei quê dos bancos que não era pequena… ).
    E pergunta se, entretanto, terá aqui cabimento uma espécie de sonetilho com título-mote inicial e asterístico-quadra final - enfim, rimalhices (a)variadas - de escárnio e maldizer sobre:

    esse gerente que é geronte o infeliz
    da geração que tão mal gere hoje o país


    'antes celta do que grego'
    opta o tal paulo portão
    assim escolhe um labrego
    a sua civilização
    a sua que a minha não

    a celtas pouco me achego
    que nem sei bem o que são
    da grécia vem o insossego
    que nos fez como nação
    e algum latim que em galego
    em português se fundiu

    da grécia vêm afinal
    olhos gregos que alguém viu
    no rosto de portugal*

    *
    e o país deve assumir
    olhos gregos que pessoa
    lhe foi - génio - descobrir
    pessoa nos abençoa

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  2. Velha Senhora querida,
    minha oficina e aberta
    nao posso emendar a vida,
    as vezes o verso acerta...


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  3. Não a posso censurar
    após me ver em roupão
    a meus versos emendar:
    deixo passar o portão!
    (a Helena vai perdoar...)

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  4. A si, que é amigo do Pai Portão e me estima, tudo lhe é consentido e sempre com o meu sorriso terno. À velha Senhora deixo-lhe o labrego e o grego para uso pessoal...

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  5. velho bom pessoa que tambem é responsavel pelo soneto, sim, alma pequena, há por aí algumas, e já agora, quem reza o terço nos jornais já se sabe que não o reza em casa, etc etc

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  6. Cara HSC
    A 'velha senhora' desculpa-se e propõe nova redaçao para o terceiro verso do seu sonetilho:

    ó minha querida helena,
    não viso nunca ofendê-la,
    tenho é visão tão pequena
    que não vejo escapadela
    em questões de rimalhice.
    poucas rimas sei com 'grego'
    que não metam sacanice:
    'patego', '(p)rego', 'morcego'!
    'cego' dava! que azelhice!*

    "labrego e grego" pra meu
    uso próprio e pessoal?
    e o acordo gramatical?
    velhA fêmea me quero eu!

    brinco só - não leve a mal!


    *
    o 'cego' que agora pego
    talvez resolva o problema
    "assim escolhe, de cego,"
    fica o verso do poema.

    melhor assim, cara helena,
    pró seu e doutras mães filhos?
    eu cá não quero sarilhos!
    a vida é curta, que pena!

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  7. Ó Velha Senhora julgais mesmo que me ofenderia convosco? Então não me reconheceis o grande sentido do humor? Sabei que vos encontro graça, Senhora.
    Mas se com labrego e grego não ficais, o cego vos não aconselho. Seria demais, até para os filhos de outras mães. Não achais?

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  8. Cara HSC
    A 'velha senhora', se lhe dão corda, não se cala:

    cegos são minha querida
    ou de cegos fingem bem.
    não veem? lixam a vida
    tão curta que a gente tem.
    desculpai-me, que sois mãe!

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  9. Mãe lixada também. De reformada não sou excepção. Mas que quereis? Os cegos, esses, nunca são filhos de Pai. Só de mãe...

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