Saturday, December 1, 2012

Esperamos o quê?


                                         (Edward Hopper, Verão na Cidade)

22 comments:

  1. a imagem do tédio, ou de não terem nada que fazer alem de estar espreguiçados à espera da noite mais fresca, então sairão.

    ReplyDelete
  2. Ambivalência é, decerto, não sei se me deite se me levante...
    Além de que só se for por cima ou no chão ao lado já não há espaço...
    Ou então o senhor (presumo)nú de vencido e a senhora pronta para outra... Vivência claro.
    Ou ...
    (Tenho de fazer o almoço)

    ReplyDelete
  3. This comment has been removed by the author.

    ReplyDelete
  4. No seu blogue 'fio de prumo' e em resposta a um comentário seu, publicou a cara Helena Sacadura Cabral umas 'rimalhices' da velha senhora, que poderão interessar, presume a senhora, a autores e leitores do 'duas ou três coisas' e do 'Tim Tim no Tibete' que se preocupam com questões de censura, dignidade e poesia. Por isso, manda-me que as mande agora, as rimalhices, a ambos os blogues - até, diz rindo, para ver se passam…Executo-me:

    1. "…nunca tive de a censurar, porque comigo sempre se portou bem" (HSC dixit)

    minha helena preferida
    nunca eu mal me comportei
    com ninguém na minha vida
    'nunca' é trop dire? não sei

    sei que quando fui querida
    mal portar-me era de lei
    e a censura proibida
    bem gozaram bem gozei

    a censura essa é ridícula
    num país em liberdade
    muito mais que o palavrão

    se ele ofende é só a aurícula
    e ela ofende a dignidade
    ele é digno e ela não

    2. "A Velha Senhora… tem uma enorme capacidade de poetar" (HSC)

    
eu tenho que lhe dizer

    lá tenho que repetir
    
não é poeta quem quer
    
e eu nem quero - deixo-me ir

    

rimalho muito - que o posso
    trabalho co'um certo afinco
    
na métrica assim por grosso
    
mas não poeto - só brinco

    ReplyDelete
  5. Este quadro, caro Alcipe - um dos que mais gosto de Hopper -, é o retrato da vida de muitos de nós, do desalento, da desesperança, do desejo que morre antes de despontar.
    É também um murro no estômago na vida de certas mulheres que perderam a força e a voz. Ou que nunca a tiveram...
    Obrigada, meu querido amigo!

    ReplyDelete
  6. A velha senhora diz-se alérgica às alturas e restringe-se ao essencial: viver e não morrer, amar gozar e não sofrer, liberdade e não au(s)to(e)ridade.

    esperamos o quê?
    esperamos morrer

    entretanto - pois quê?
    nós queremos viver

    não deixamos - qual quê!
    que nos venham f-lixar

    vida livre nos dê
    todo o amor e prazer

    assim mesmo - pois é!
    nada mais há de ser

    ReplyDelete
  7. Ai esta Velha Senhora,
    Que encantos ainda tem!
    Ao Francisco ousa dizer
    O que não diz a ninguém.

    Calculo que muito ousará
    Na palavra ou na crítica
    E que ele só a censurará
    Por educação ou política

    Mas a mim não acontece
    Relatar-me coisas dessas
    Queixa-se só dos amores
    E da falta que eles lhe fazem
    São os goles nos licores
    Que lhe lembram velhas promessas.

    Chega todos, cara amiga,
    O tempo de recordar.
    Quem ama sempre litiga
    Ao ver o tempo passar...

    ReplyDelete
  8. Adoro o(s) "poemar"(es)à desgarrada...
    Estão o máximo.

    ReplyDelete
  9. "Não é poeta quem quer"
    Diz-nos a "velha senhora"
    Pois rimalhe e se merecer
    Publico-a na hora.

    ReplyDelete
  10. Estimada e Prezada Senhora Dona Velha

    Np âmbito da diversificação das minhas actividades empresariais, com autorização da Senhora Engenheira e aguardando apoios da CPLP, fundei a editora Pornolusofonia, que se destina a dar a conhecer melhor as poucas vergonhas de expressão portuguesa e a fomentar o intercâmbio de experiências, sob as mais amplas e diversas posturas.

    Venho solicitar-lhe, Senhora Dona Velha, a sua colaboração neste projecto de expressão universal.

    Cumprimentos respeitosos e sempre libidinosos

    a) Feliciano da Mata, editor, Golungo Alto

    ReplyDelete
  11. A Angústia

    Nada em ti me comove, Natureza, nem
    Faustos das madrugadas, nem campos fecundos,
    Nem pastorais do Sul, com o seu eco tão rubro,
    A solene dolência dos poentes, além.

    Eu rio-me da Arte, do Homem, das canções,
    Da poesia, dos templos e das espirais
    Lançadas para o céu vazio plas catedrais.
    Vejo com os mesmos olhos os maus e os bons.

    Não creio em Deus, abjuro e renego qualquer
    Pensamento, e nem posso ouvir sequer falar
    Dessa velha ironia a que chamam Amor.

    Já farta de existir, com medo de morrer,
    Como um brigue perdido entre as ondas do mar,
    A minha alma persegue um naufrágio maior.

    Paul Verlaine, in "Melancolia"
    Tradução de Fernando Pinto do Amaral

    Tema(s): Alma Angústia

    ReplyDelete
  12. Vai bonita a Brincadeira...

    Edward Hopper, Verão na Cidade...

    Clivagens...
    De facto é tão expressivo o quadro.

    ReplyDelete
  13. ...anda a gente distraída
    tentando repor em dia
    os estragos cá de casa
    das "semanas culturais"

    e eis que aqui no Tibet
    a poesia anda à solta
    tão ousada e atrevida
    (nem me atrevo a dizer mais)
    que talvez seja melhor
    acho eu, é coisa minha
    antes de olhar pró écran

    reparar se tem "bolinha"...

    ReplyDelete
  14. Mas o que para aqui vai...
    A não perder.

    ReplyDelete
  15. Pois à velha senhora, dêem-lhe dois Alvarinhos e ninguém a cala:

    merecer não merecer
    não será qualquer francisco
    que imporá seu parecer
    quanto aos riscos que rabisco
    que os publique ou não publique
    vivó o verde e o alambique
    hic hic

    mas meu jov'embaixador
    veja acima e saberá
    que já tenho um editor
    com postura e alvará
    mata líbido comigo
    manda à fava o ex-amigo

    vivó o verde e vivó mata
    que ninguém nos hic empata
    hic hic

    ReplyDelete
  16. Ri de gosto com esta desgarrada!

    Alcipe do meu coração
    Quem liberta o Feliciano
    Dá asas à imaginação

    De cristão, virou profano
    E da porno se encantou.
    Agora quer publicar
    O que o amor lhe ensinou.

    Diga-lhe você, meu amigo,
    Que o país não amansou
    Só parece tolerante
    Para quem nunca editou.

    ReplyDelete
  17. O minha velha senhora
    Nem Francisco nem Alcipe
    Tem do Mata a aurora
    Que lhe acordaos apetites

    Feliciano da Mata, trovador

    ReplyDelete
  18. A aurora dos apetites
    Lembra-me a velha Aurora,
    Quando ainda não tinha tiques,
    E dos prazeres era amante.
    Foram-se os amores de outrora,
    Ficou a velha Senhora,
    Que agora, coitada, só chora
    Pelo Mata trovador,
    Pelo Mata que ela adora.

    ReplyDelete
  19. Oh Helena ainda um dia lhe vou perguntar quem é esta velha senhora que toda a gente conhece...

    ReplyDelete
  20. Ó Minha bela amiga, já lhe atribuí um rosto. Mas amigos mais sabedores disseram que não.
    Agora, não sei não. O maroto tem jeito para a poética, deve ter sido um bom rapioqueiro, tem graça e língua solta. Tudo condimentos apreciáveis. Cheira-me que seja da CD, que nos conhece a todos e que tem sentido de humor!
    Mas quem? Só com blind date, e eu sou velhinha para isso...

    ReplyDelete