Thursday, December 6, 2012

Carta a Miguel Gomes, depois de ver "Tabu"


Olhe, Miguel, a África que imaginamos
é a única verdadeira.
Eu estive lá também e dela lembro
um verso do poeta Maiakovski:
"A terra com quem se teve fome, essa, nunca a podemos esquecer".
Também falei da beleza das garças
a esvoaçar sobre montanhas de lixo
numa Luanda de outros tempos.

A África é um mito e um tabu,
um paraíso que nunca foi
e um desejo que nunca chegou.

O seu filme atravessa a verdade com o cenário sépia
da imaginação amadurecida.

2 comments:

  1. Um filme belíssimo, quase mudo, como a emoção. Eu nunca estive lá, não sou da época, mas achei o filme muito próximo das histórias de família que conheço.

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  2. fala se muito no fascinio de africa, na marca que deixa em quem por lá andou, não sei, não será que todas as terras têm o seu fascinio, a asia, as americas, a australia, etc, e que africas há muitas? e que depois há a africa dos livros e do cinema, etc. sim, tambem tenho a minha africa, mas vejo a como uma fase da minha vida, não como uma terra que marcou especialmente, pelo menos a minha, que não é a de blixen ou hemingway ou de naipaul ou de graham greene. há mesmo uma africa desagradavel, a minha visita à liberia p.ex. deixou-me más impressões e foi antes da guerra quando ainda havia paz.
    o filme não o vi e talvez seja mesmo assim, a africa que imaginamos é a que conta.

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