Saturday, March 13, 2010

As Caves do Vaticano

Artigo do eminente historiador goês, residente em Portugal, Teotónio de Souza, num jornal de Goa : propõe a criação de um Museu da Inquisição em Goa, para contrapôr ao Museu de Arte Sacra Indo - Portuguesa...

O que eu mais admiro na Igreja Católica é a sua profunda vontade de não deixar que sejam esquecidas as grandes instituições que historicamente criou.

Já a sua tradição medieval auto-flagelante, que persevera ainda hoje nos cilícios, confesso que me atrai menos...

Mas fala um pobre pecador!

Aditamento : O Professor Teotónio de Souza escreve-me a esclarecer que já não é padre.

Esse esclarecimento esvazia de facto a ironia contida neste comentário, que se liga com considerações atrás feitas neste blog sobre a culpabilidade colonial e o seu aproveitamento ideológico.

O autor deste blog foi membro em 1970 dos Comités de Luta Anti Colonial e defenderia sem reservas a criação de um Museu da Inquisição em Lisboa. Quanto a Goa, os goeses que decidam.



5 comments:

  1. É pena que o autor deste blogue ignora que Teotónio de Souza não é já padre, nem parece ter lido bem o artigo a que refere. Não se contrapõe nada a nada. Sugere-se um outro museu, e por razões que não interessam o autor deste blogue nem outros por aqui na Europa.

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  2. Sinto urgência em moderar este confronto de posições, até porque conheço ambos e (parece-me) as suas respectivas posições ideológicas e historiográficas. Seria uma pena isto ficar por aqui, resumido a um estéril desentendimento, confronto.

    Deixo algumas perguntas a que poderão querer responder para clarificar as suas opiniões:

    1. TdS refere no seu artigo que o proposto Museu da Inquisição serviria o propósito construtivo de sarar feridas e possibilitar aos goeses uma relação mais descomplexada com o passado. Mas, tendo em conta a violenta politização que é feita desta época história, seria esta uma forma de sarar, ou aprofundar feridas e conflitos?

    2. "Quanto a Goa, os goeses que decidam," refere Alcipe. Sem dúvida - este é um debate (complicado) em que os portugueses e o passado de Portugal são visados directamente, mas que deverá ser travado autonomamente e unicamente pelos goeses, assim usufruindo livremente da sua agência pós-colonial. Correcto? Podem os portugueses divorciar-se e ignorar este debate? É possível mantê-lo só em certos níveis, entre comunidades intelectuais, ou deve ser um debate alargado, popular, transnacional, incluindo a Índia, a diáspora goesa, os goeses de Mangalore, a Europa etc.?

    Ficam estas duas questões, para ambos, como testemunho do meu esforço intermediador, esse eterno fardo diaspórico...

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  3. Tudo se deve debater, abertamente e a todos os níveis. Mas sem esquecer a máxima de Almada Negreiros: "não te metas na vida dos outros, se não queres lá ficar".

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  5. Agradeço Alcipe pelo seu aditamento, e acho pertinente a sua citação de Almada Negreiros. Eu faria uma outra leitura dela: Não deviam os Portugueses meter-se na vida dos goeses se não sabiam se iriam lá ficar. Obviamente queriam lá ficar para sempre!
    À intervenção do meu amigo Constantino respondo que nenhum diálogo relevante é pacífico, a não ser que sejam os monólogos encobertos apresentados como diálogos! É importante enfrentar os problemas em cheio para chegar à fase de descomplexidade, compreensão e perdão! Caso contrário, tapamos as feridas com bálsamos de mil pretextos, deixando-as sempre vivas para o aproveitamento continuado dos políticos.

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