Tuesday, February 9, 2010

A Medusa Índia

Três anos a conviver contigo
e nunca chegarei a entender-te!
Falas pelos cotovelos, de tudo e de nada
fazes um discurso, uma prece ou um negócio.
As tuas guerras íntimas são públicas
e discutidas nas praças e nos mercados.
E nunca chegarei a entender-te!

Como é ser misterioso sem ser misterioso?
Como é ser inacessível sem ser recatado?
Quem te sonhaste não está cercado de grandes muros:
os muros ruíram, porque estão agora a construir
auto-estradas; mas nunca chegarei a entender-te!

Talvez porque te sonhaste muito, em muitas pessoas
e em muitos lugares.
Os avatares estão para os heterónimos
como a energia atómica está para o lume da candeia!
E os teus trezentos milhões de deuses saúdam-nos
com o riso que te cria a cada momento
e a nós nos imobiliza.

Medusa!

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