Wednesday, February 27, 2013

Nietzsche, precursor de Camilo Lourenço?

C’est ainsi que l’animal vit d’une façon non historique : car il se réduit dans le temps, semblable à un nombre, sans qu’il reste une fraction bizarre. Il ne sait pas simuler, il ne cache rien et apparaît toujours pareil à lui-même, sa sincérité est donc involontaire. L’homme, par contre, s’arc-boute contre le poids toujours plus lourd du passé. Ce poids l’accable ou l’incline sur le côté, il alourdit son pas, tel un invisible et obscur fardeau. Il peut le renier en apparence, ce qu’il aime à faire en présence de ses semblables, afin d’éveiller leur jalousie. C’est pourquoi il est ému, comme s’il se souvenait du paradis perdu, lorsqu’il voit le troupeau au pâturage, ou aussi, tout près de lui, dans un commerce familier, l’enfant qui n’a encore rien à renier du passé et qui, entre les enclos d’hier et ceux de demain, se livre à ses jeux dans un bienheureux aveuglement. Et pourtant l’enfant ne peut toujours jouer sans être assailli de troubles. Trop tôt on le fait sortir de l’oubli. Alors il apprend à comprendre le mot « il était », ce mot de ralliement avec lequel la lutte, la souffrance et le dégoût s’approchent de l’homme, pour lui faire souvenir de ce que son existence est au fond : un imparfait à jamais imperfectible. Quand enfin la mort apporte l’oubli tant désiré, elle dérobe aussi le présent et la vie. Elle appose en même temps son sceau sur cette conviction que l’existence n’est qu’une succession ininterrompue d’événements passés, une chose qui vit de se nier et de se détruire elle-même, de se contredire sans cesse.

Si c’est un bonheur, un besoin avide de nouveau bonheur qui, dans un sens quelconque, attache le vivant à la vie et le pousse à continuer à vivre, aucun philosophe n’a peut-être raison autant que le cynique car le bonheur de la bête, qui est la forme la plus accomplie du cynisme, est la preuve vivante des droits du cynique. Le plus petit bonheur, pourvu qu’il reste ininterrompu et qu’il rende heureux, renferme, sans conteste, une dose supérieure de bonheur que le plus grand qui n’arrive que comme un épisode, en quelque sorte par fantaisie, telle une idée folle, au milieu des ennuis, des désirs et des privations. Mais le plus petit comme le plus grand bonheur sont toujours créés par une chose : le pouvoir d’oublier, ou, pour m’exprimer en savant, la faculté de sentir, abstraction faite de toute idée historique, pendant toute la durée du bonheur. Celui qui ne sait pas se reposer sur le seuil du moment, oubliant tout le passé, celui qui ne sait pas se dresser, comme le génie de la victoire, sans vertige et sans crainte, ne saura jamais ce que c’est que le bonheur, et, ce qui pis est, il ne fera jamais rien qui puisse rendre heureux les autres

(Nietzsche, De l'inconvénient des études historiques)

Tuesday, February 26, 2013

Queirozianas

Nao consegue aprender História
Um tal Camilo Lourenço.
Nao lhe entra na memória
Um acervo tão imenso!

O Gouvarinho dizia
Ao Maia com contrição
Que a História do Mundo lia
Sem guardar recordação.


Há mesmo cada cabeça
Que só já lida no Eca!


Va pensiero!

Eu hoje fiquei assim dentro de um verso:
e nem o lembrar doce da Toscana
nem a imagem de um templo em Paestum
voltaram a chamar-me para a vida.
Eu hoje fiquei assim dentro de um verso,
tal Virgílio no fim, ante a obra perdida. 

Monday, February 25, 2013

Dois excelentes livros



A Implosão de Nuno Júdice e O Verão de 2012 de Paulo Varela Gomes: dois livros intempestivos..

David Mourão-Ferreira faria hoje 86 anos


CAPITAL

Casas, carros, casas, casos.
Capital
encarcerada.

Colos, calos, cuspo, caspa.
Cautos, castas. Calvos, cabras.
Casos, casos… Carros, casas…
Capital
acumulado.

E capuzes. E capotas.
E que pêsames! Que passos!
Em que pensas? Como passas?
Capitães. E capatazes.
E cartazes. Que patadas!
E que chaves! Cofres, caixas…
Capital
acautelado.

Cascos, coxas, queixos, cornos.
Os capazes. Os capados.
Corpos. Corvos. Copos, copos.
Capital,
oh! capital,
capital
decapitada!

David Mourão-Ferreira
(Do blog Insónia, com os meus agradecimentos)

Sunday, February 24, 2013

Sobre a legitimidade


A decisão de Bento XVI deve ser considerada com extrema atenção por quem quer que traga no coração o destino político da humanidade. Realizando a "grande recusa", ele deu provas não de covardia, como Dante escreveu talvez injustamente sobre Celestino V, mas de uma coragem que adquire hoje um sentido e um valor exemplares. 

Deve ser evidente para todos, de fato, que as razões invocadas pelo pontífice para motivar a sua decisão, certamente em parte verdadeiras, não podem, de forma alguma, explicar um gesto que, na história da Igreja, tem um significado totalmente particular. E esse gesto adquire todo o seu peso se lembrarmos que, no dia 4 de julho de 2009, Bento XVIhavia deposto justamente sobre o túmulo de Celestino V, em Sulmona, o pálio que ele havia recebido no momento da investidura, provando que a decisão havia sido meditada.

Por que essa decisão nos parece exemplar hoje? Porque ela chama novamente com força a atenção para a distinção entre dois princípios essenciais da nossa tradição ético-política, dos quais as nossas sociedades parecem ter perdido toda consciência: a legitimidade e a legalidade. Se a crise que a nossa sociedade está passando é tão profunda e grave é porque ela não põe em questão apenas a legalidade das instituições, mas também a sua legitimidade; não apenas, como se repete frequentemente, as regras e as modalidades do exercício do poder, mas também o princípio mesmo que o fundamenta e legitima.

Os poderes e as instituições não estão hoje deslegitimados porque caíram na ilegalidade; ao invés, o contrário é verdade, ou seja, que a ilegalidade é tão difundida e generalizada porque os poderes perderam toda consciência da sua legitimidade. Por isso, é inútil acreditar que se possa enfrentar a crise das nossas sociedades por meio da ação – certamente necessária – do poder judiciário: uma crise que investe contra a legitimidade não pode ser resolvida apenas no plano do direito. A hipertrofia do direito, que pretende legislar sobre tudo, ao invés, trai, através de um excesso de legalidade formal, a perda de toda legitimidade substancial. A tentativa da modernidade de fazer coincidir legalidade e legitimidade, buscando assegurar através do direito positivo a legitimidade de um poder, é, como ficar claro pelo irrefreável processo de decadência em que as nossas instituições democráticas entraram, totalmente insuficiente. 

As instituições de uma sociedade permanecem vivas somente se ambos os princípios (que, na nossa tradição, também receberam o nome de direito natural e direito positivo, de poder espiritual e poder temporal) permanecem presentes e agem nela sem nunca pretender coincidir.

Por isso, o gesto de Bento XVI é tão importante. Esse homem, que estava à frente da instituição que exibe o mais antigo e significativo título de legitimidade, revogou em questão com o seu gesto o próprio sentido desse título. Diante de uma cúria que se esquece totalmente da própria legitimidade e persegue obstinadamente as razões da economia e do poder temporal, Bento XVI escolheu usar apenas o poder espiritual, do único modo que lhe pareceu possível: isto é, renunciando ao exercício do vicariato de Cristo. 

Desse modo, a própria Igreja foi posta em questão desde a sua raiz. Não sabemos se a Igreja será capaz de tirar proveito dessa lição: mas certamente seria importante que os poderes laicos aproveitassem a oportunidade para se interrogarem novamente sobre a sua própria legitimidade.
GIORGIO AGAMBEN em "La Repubblica"

Saturday, February 23, 2013

Monday, February 18, 2013

Um texto de hoje

 Grâce aux divisions morbides que la folie  des nationalités  a mises  et  met encore entre  les  peuples de  l’Europe, grâce aussi  aux  politiciens à la vue courte et aux mainspromptes qui règnent aujourd’hui à l’aide du patriotisme, sans soupçonner à quel point leur politique de désunion ne peut nécessairement être qu’une politique d’entracte, – grâce à tout cela et à bien des choses encore qu’on ne peut dire aujourd’hui, on néglige ou on déforme de manière arbitraire ou mensongère les signes univoques par lesquels s’expriment la volonté de l’Europe de devenir une. Chez tous les hommes un peu profonds et d’esprit large qu’a vu ce siècle, c’était le but unique du travail secret de leur âme que de frayer les voies d’une nouvelle synthèse et de tenter de réaliser en eux-mêmes l’Européen à venir : ce ne fut jamais que dans les régions superficielles de leur intelligence, ou aux heures de défaillance, l’âge venu, qu’ils appartinrent à une " patrie ", – ils ne faisaient que se reposer d’eux-mêmes en devenant des  " patriotes ". Je pense à des hommes tels que Napoléon, Goethe, Beethoven, Stendhal, Heinrich Heine, Schopenhauer...” (aphorisme 256)

NIETZSCHE, "Par delà le bien et le mal", 1886

Destinos


As florestas estenderam-se pelo vale
depois da partida dos homens.
Os ramos entraram pelas casas,
as raízes corroeram as fundações
e tudo o que era humano
se refez na exuberância vegetal.

Nem civilização nem barbárie:
simples rendição à Natureza!

                                                (Angkor Vat, Cambodja)

Sunday, February 17, 2013

Um requiem alemão

À memória de Heinrich Heine

Quem nega tudo o que fui
faz-me pensar certamente:
quando tudo à volta alui
não sobrevive quem mente.

Pode só levar vantagem,
ganhar antes do naufrágio:
mas vai faltar-lhe coragem
quando vir que paga ágio.

Música do Titanic
p'los cantores de Nuremberga:
não estamos num piquenique
e soçobra o que não verga.

Lamento, sim, meine Frau,
mas o mundo é assim feito:
se tirarmos os degraus
a escada fica sem jeito.









Saturday, February 16, 2013

Folha de um diário

Simples amargura
como ar do dia,
fina cor escura
tudo contagia.

Não falo comigo
ao falar de mim:
o comum perigo
fez-nos ser assim,

um mal sem ter fim.

A minha alma está parva, como dizia a minha avó


INSTITUTO4LIFE - LISBOA

Quinta da Luz. Rua Adelaide Cabete, 10B - Lisboa
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Tel: 963 661 731 / 917 103 600 / 933 252 045
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O empreendedorismo é um comportamento que pode, e deve, ser aprendido ao longo da vida. Este programa inovador, único no país, procura desenvolver, em conjunto com os pais, comportamentos e atitudes chave que ajudarão o bebé no futuro a ser um empreendedor.

Permita que o seu filho se torne capaz de concretizar as suas ambições.


Dinamização: Doutoranda em Gestão e Empreendedorismo e Educadora de Infância

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O último papa (Nietzsche)


« Qu’est-ce que tout le monde sait aujourd’hui ? demanda Zarathoustra. Ceci, peut-être, que le Dieu ancien ne vit plus, le Dieu en qui tout le monde croyait jadis ? »
« Tu l’as dit, répondit le vieillard attristé. Et j’ai servi ce Dieu ancien jusqu’à sa dernière heure.
Mais maintenant je suis hors de service, je suis sans maître et malgré cela je ne suis pas libre ; aussi ne suis-je plus jamais joyeux, si ce n’est en souvenir.
C’est pourquoi je suis monté dans ces montagnes pour célébrer de nouveau une fête, comme il convient à un vieux pape et à un vieux père de l’église : car sache que je suis le dernier pape ! — une fête de souvenir pieux et de culte divin.
Mais maintenant il est mort lui-même, le plus pieux des hommes, ce saint de la forêt qui sans cesse rendait grâce à Dieu, par des chants et des murmures.
Je ne l’ai plus trouvé lui-même lorsque j’ai découvert sa chaumière — mais j’y ai vu deux loups qui hurlaient à cause de sa mort — car tous les animaux l’aimaient. Alors je me suis enfui.
Suis-je donc venu en vain dans ces forêts et dans ces montagnes ? Mais mon cœur s’est décidé à en chercher un autre, le plus pieux de tous ceux qui ne croient pas en Dieu, — à chercher Zarathoustra ! »
Ainsi parlait le vieillard et il regardait d’un œil perçant celui qui était debout devant lui ; Zarathoustra cependant saisit la main du vieux pape et la contempla longtemps avec admiration. 
« Vois donc, vénérable, dit-il alors, quelle belle main effilée ! Ceci est la main de quelqu’un qui a toujours donné la bénédiction. Mais maintenant elle tient celui que tu cherches, moi Zarathoustra.
Je suis Zarathoustra, l’impie, qui dit : qui est-ce qui est plus impie que moi, afin que je me réjouisse de son enseignement ? »
Ainsi parlait Zarathoustra, pénétrant de son regard les pensées et les arrière-pensées du vieux pape. Enfin celui-ci commença :
« Celui qui l’aimait et le possédait le plus, c’est celui qui l’a aussi le plus perdu : —
regarde, je crois que de nous deux, c’est moi maintenant le plus impie ? Mais qui donc saurait s’en réjouir ! » —
— « Tu l’as servi jusqu’à la fin ? demanda Zarathoustra pensif, après un long et profond silence, tu sais comment il est mort ? Est-ce vrai, ce que l’on raconte, que c’est la pitié qui l’a étranglé ?
— la pitié de voir l’homme suspendu à la croix, sans pouvoir supporter que l’amour pour les hommes devînt son enfer et enfin sa mort ? » — —
Le vieux pape cependant ne répondit pas, mais il regarda de côté, avec un air farouche et une expression douloureuse et sombre sur le visage.
« Laisse-le aller, reprit Zarathoustra après une longue réflexion, en regardant toujours le vieillard dans le blanc des yeux.
Laisse-le aller, il est perdu. Et quoique cela t’honore de ne dire que du bien de ce mort, tu sais aussi bien que moi, qui il était : et qu’il suivait des chemins singuliers. »
« Pour parler entre trois yeux, dit le vieux pape rasséréné (car il était aveugle d’un œil), sur les choses de Dieu je suis plus éclairé que Zarathoustra lui-même — et j’ai le droit de l’être.
Mon amour a servi Dieu pendant de longues années, ma volonté suivait partout sa volonté. Mais un bon serviteur sait tout et aussi certaines choses que son maître se cache à lui-même.
C’était un Dieu caché, plein de mystères. En vérité, son fils lui-même ne lui est venu que par des chemins détournés. À la porte de sa croyance il y a l’adultère.
Celui qui le loue comme le Dieu d’amour ne se fait pas une idée assez élevée sur l’amour même. Ce Dieu ne voulait-il pas aussi être juge ? Mais celui qui aime, aime au delà du châtiment et de la récompense.
Lorsqu’il était jeune, ce Dieu d’Orient, il était dur et altéré de vengeance, il s’édifia un enfer pour divertir ses favoris.
Mais il finit par devenir vieux et mou et tendre et compatissant, ressemblant plus à un grand-père qu’à un père, mais ressemblant davantage encore à une vieille grand’mère chancelante.
Le visage ridé, il était assis au coin du feu, se faisant des soucis à cause de la faiblesse de ses jambes, fatigué du monde, fatigué de vouloir, et il finit par étouffer un jour de sa trop grande pitié. » — — 
« Vieux pape, interrompit alors Zarathoustra, as-tu vu cela de tes propres yeux ? Il se peut bien que cela se soit passé ainsi : ainsi, et aussi autrement. Quand les dieux meurent, ils meurent toujours de plusieurs sortes de morts.
Eh bien ! De telle ou de telle façon, de telle et de telle façon — il n’est plus ! Il répugnait à mes yeux et à mes oreilles, je ne voudrais rien lui reprocher de pire.
J’aime tout ce qui a le regard clair et qui parle franchement. Mais lui — tu le sais bien, vieux prêtre, il avait quelque chose de ton genre, du genre des prêtres — il était équivoque.
Il avait aussi l’esprit confus. Que ne nous en a-t-il pas voulu, ce coléreux, de ce que nous l’ayons mal compris. Mais pourquoi ne parlait-il pas plus clairement ?
Et si c’était la faute à nos oreilles, pourquoi nous donnait-il des oreilles qui l’entendaient mal ? S’il y avait de la bourbe dans nos oreilles, eh bien ! qui donc l’y avait mise ?
Il y avait trop de chose qu’il ne réussissait pas, ce potier qui n’avait pas fini son apprentissage. Mais qu’il se soit vengé sur ses pots et sur ses créatures, parce qu’il les avait mal réussies — cela fut un péché contre le bon goût.
Il y a aussi un bon goût dans la pitié : ce bon goût a fini par dire : « Enlevez-nous un pareil Dieu. Plutôt encore pas de Dieu du tout, plutôt encore organiser les destinées à sa propre tête, plutôt être fou, plutôt être Dieu soi-même ! » 
— « Qu’entends-je ! dit en cet endroit le vieux pape en dressant l’oreille ; ô Zarathoustra tu es plus pieux que tu ne le crois, avec une telle incrédulité. Il a dû y avoir un Dieu quelconque qui t’a converti à ton impiété.
N’est-ce pas ta piété même qui t’empêche de croire à un Dieu ? Et ta trop grande loyauté finira par te conduire par delà le bien et le mal !
Vois donc, ce qui a été réservé pour toi ? Tu as des yeux, une main et une bouche, qui sont prédestinés à bénir de toute éternité. On ne bénit pas seulement avec la main.
Auprès de toi, quoique tu veuilles être le plus impie, je sens une odeur secrète de longues bénédictions : je la sens pour moi, à la fois bienfaisante et douloureuse.
Laisse-moi être ton hôte, ô Zarathoustra, pour une seule nuit ! Nulle par sur la terre je ne me sentirai mieux qu’auprès de toi ! » —
« Amen ! Ainsi soit-il ! s’écria Zarathoustra avec un grand étonnement, c’est là-haut qu’est le chemin, qui mène à la caverne de Zarathoustra.
En vérité, j’aimerais bien t’y conduire moi-même, vénérable, car j’aime tous les hommes pieux. Mais maintenant un cri de détresse m’appelle en hâte loin de toi.
Dans mon domaine il ne doit arriver malheur à personne : ma caverne est un bon port. Et j’aimerais bien à remettre sur terre ferme et sur des jambes solides tous ceux qui sont tristes. 
Mais qui donc t’enlèverait ta mélancolie des épaules ? Je suis trop faible pour cela. En vérité, nous pourrions attendre longtemps jusqu’à ce que quelqu’un te ressuscite ton Dieu.
Car ce Dieu ancien ne vit plus : il est foncièrement mort, celui-là. »
Nietzsche, Ainsi parlait Zarathoustra.

A tiara abolida (Eduardo Lourenço)


Depondo como quem descansa o peso da sua tiara virtualmente anacrónica e renunciando nela a uma "eternidade" inumana por uma outra visão mais cristã do tempo de Deus como não-Poder, o mais suave dos papas não dilacera a túnica sem costura do Cristo (há tantos séculos dilacerada). Restitui-lhe o sentido e o esplendor da única eternidade que conta aos olhos de um cristão. E que não é a do ouro e seu peso de sangue, nem da glória e sua ilusão, mas a da consciência do seu nada no espelho do tempo mortal do nosso coração. De todas as abdicações míticas do Poder fáctico ou da ficção, desde Ricardo III a Cristina da Suécia, esta de um Papa a quem estava reservada uma descida histórica da Igreja análoga à das Catacumbas que foram para ela esperança e luz de um mundo novo, é a mais enigmática e crucial para o destino do Ocidente. O historiador cristão Jacques Le Goff assimilou-a a uma abdicação real. Também é isso. Mas talvez mais importante seja o desafio que representa para uma outra "realeza", a da Igreja que desde a sua origem subverteu todas as figuras naturais do Poder e que agora despe o seu manto real por "conta de Deus". Que fazer deste"cadeaux", para uns envenenado e para outros sublime?
A História não é o mito em que a convertemos. É só a imagem do improvável e, sobretudo, imprevisível em que nos projectamos e nos esperamos. É o segredo e o mistério da incondição humana que miticamente aí se confere um sentido sem garantia alguma nos céus e na terra. A "morte de Deus" é só a mais tangível expressão de uma Civilização lúdica onde banha e agoniza, ameaçada de extinção, a antiga sarça ardente através da qual "a voz de Deus" se nomeava.
(ler no Público de hoje)

Thursday, February 14, 2013

Voltar à poesia

Voltar à poesia, esse caminho estreito
entre a solidão e a vida,
esse jardim onde as flores
crescem para dentro de si próprias,
esse destino sem lugar no mapa.

Voltar à poesia, porque mais nada
cresceu entretanto,
nem palavras nem coisas.
Adivinhávamos promessas no terror dos tempos
e continuámos a andar como se houvesse caminho.
Voltar à poesia, a esta distância sem rumo nem projecto,
voltar à poesia para estar mais longe
do que sou.

Wednesday, February 13, 2013

É preciso um cuidado especial à saída de certos estabelecimentos




A autoridade tributária está a actuar à saída dos estabelecimentos comerciais e já instaurou diversos processos de contra-ordenação a consumidores que não pediram factura, refere o Ministério das Finanças em nota enviada à Renascença. "É uma medida de combate eficaz à economia paralela, à evasão fiscal e às situações de subfacturação", justifica o texto. 

Objectos doravante necessários

Mala para guardar facturas - portátil e leve, qualquer um aguenta, aguenta; para já, dá para 500 facturas; não sabemos ainda por quanto tempo as facturas devem ser guardadas, mas adequaremos em tempo oportuno a dimensão da mala às especificações da lei.

a) Samsonite

Resignação Papa põe em causa tese teólogo português



Com a sua resignação, pelo motivo absolutamente respeitável de se considerar menos capaz fisicamente para as tarefas que lhe são exigidas, Sua Santidade o Papa veio pôr  directamente em causa a tese do conhecido teólogo português Ulrich, publicada recentemente em Frankfurt sob o título "Ach, Sie halten, Sie halten!". Mesmo para quem não creia na infalibilidade papal, a competência teológica de Ratzinger parece a todos superior à de Ulrich.


Sunday, February 10, 2013

Brush Up Your Shakespeare

Much ado about nothing


O presidente da Câmara de Lisboa elogiou hoje  o secretário-geral do PS pela solução de entendimento que apresentou e frisou  que no atual contexto não faz qualquer sentido uma candidatura alternativa  sua à liderança do partido. 

Malevitch: Carré blanc sur fond blanc (1918)


Regresso a Estrasburgo


Á procura da Europa


Saturday, February 9, 2013

Thursday, February 7, 2013

Rimbaud "on n'est pas sérieux quand on a dix-sept ans"

O PÚBLICO confirmou que Franquelim Alves entrou na Ernst & Young com 16 anos, mas com funções não qualificadas e de início de carreira

On n'est pas sérieux, quand on a dix-sept ans.
- Un beau soir, foin des bocks et de la limonade,
Des cafés tapageurs aux lustres éclatants !
- On va sous les tilleuls verts de la promenade.

Les tilleuls sentent bon dans les bons soirs de juin !
L'air est parfois si doux, qu'on ferme la paupière ;
Le vent chargé de bruits - la ville n'est pas loin -
A des parfums de vigne et des parfums de bière...

II

- Voilà qu'on aperçoit un tout petit chiffon
D'azur sombre, encadré d'une petite branche,
Piqué d'une mauvaise étoile, qui se fond
Avec de doux frissons, petite et toute blanche...

Nuit de juin ! Dix-sept ans ! - On se laisse griser.
La sève est du champagne et vous monte à la tête...
On divague ; on se sent aux lèvres un baiser
Qui palpite là, comme une petite bête...

III

Le coeur fou robinsonne à travers les romans,
- Lorsque, dans la clarté d'un pâle réverbère,
Passe une demoiselle aux petits airs charmants,
Sous l'ombre du faux col effrayant de son père...

Et, comme elle vous trouve immensément naïf,
Tout en faisant trotter ses petites bottines,
Elle se tourne, alerte et d'un mouvement vif...
- Sur vos lèvres alors meurent les cavatines...

IV

Vous êtes amoureux. Loué jusqu'au mois d'août.
Vous êtes amoureux. - Vos sonnets La font rire.
Tous vos amis s'en vont, vous êtes mauvais goût. 
- Puis l'adorée, un soir, a daigné vous écrire !...

- Ce soir-là..., - vous rentrez aux cafés éclatants,
Vous demandez des bocks ou de la limonade...
- On n'est pas sérieux, quand on a dix-sept ans
Et qu'on a des tilleuls verts sur la promenade.


RIMBAUD

Wednesday, February 6, 2013

Agenda para os Vales de Andorra


 Les compétences pour une culture de la démocratie et le dialogue interculturel : un enjeu politique et des valeurs »
7-8 février, Andorre – La conférence organisée sous la Présidence andorrane du Conseil de l'Europe donnera un mandat politique aux travaux menés sur l'éducation à la citoyenneté démocratique et le dialogue interculturel. Elle aidera à définir les orientations stratégiques pour le programme d’activités 2014-2015 dans le domaine de l’éducation, et fournira une contribution à la Conférence des ministres de l'Education (Helsinki, 26-27 avril). Gabriella Battaini-Dragoni,Secrétaire Générale adjointe, figurera parmi les principaux orateurs.
A l’occasion de cette conférence, la présidence andorrane du Conseil de l’Europe lancera une campagne « Faites grandir les droits de l’homme » qui aura pour but de mobiliser la société civile et les jeunes afin de leur faire connaître les droits et libertés défendus par la Convention européenne des droits de l’homme.

7-8 février, Andorre-la-Vieille (Andorre) - Education à la citoyenneté démocratique. Carlos Costa Neves (Portugal, PPE/DC), rapporteur de la Commission de la culture de l’APCE sur « Identités et diversité au sein de sociétés multiculturelles » représentera l'Assemblée lors de la conférence sur « Les compétences pour une culture de la démocratie et le dialogue interculturel : un enjeu politique et des valeurs ». Cette conférence se penchera sur le rôle que peut jouer l’éducation lorsqu’il s’agit de former les futurs citoyens à vivre dans une société démocratique.

Viagem a Andorra



"Eu não tenho história, sou como o Principado dos Vales de Andorra".

 (Eça de Queirós)

Sunday, February 3, 2013