Sunday, September 30, 2012

Saturday, September 29, 2012

A lição de Lenine

Do mesmo modo que entregue a si própria a classe operaria descamba no tarde-unionismo e no economicismo, isto e, na mera defesa dos seus interesses na melhoria das condições  de vida, esquecendo a necessidade da Revolução, assim os empresários, entregues a si próprios, promovem apenas os seus interesses economicos imediatos e nao aceitam os sacrificios indispensaveis a vitoria final. Dai a necessidade sempre imperiosa de vanguardas esclarecidas, iluminadas pela verdade cientifica, e implacáveis ate ao fim.

Aos que nos vem dar lições de inteligencia

"País onde qualquer palerma diz
A afastar do busílis o nariz:
Nao, nao é pra mim este pais!

Mas quem e que baquestica sem lavar
O sovaco que lhe dá o ar?"

(Alexandre O'Neill) 

Poema de hoje

Com muito pouco de mim irei agora medir o tempo:
que coisas da terra podem ainda ser minhas,
serás tu capaz de mo dizer,
enquanto te escondes atras das tuas lagrimas
ou do sorriso que foste?

A Europa hoje


Wednesday, September 26, 2012

Wednesday, September 12, 2012

Inefável

A minha terra não é inefável.
A vida na minha terra é que é inefável.
Inefável é o que não pode ser dito.


JORGE DE SENA

Wittgenstein

Tudo o que pode ser dito deve ser claramente dito. E do que se não pode falar, melhor é calar. (Wittgenstein)

Sunday, September 9, 2012

Pelo sonho é que vamos

Quem cantarei?


EPÍGRAFE PARA A
ARTE DE FURTAR
Roubam-me Deus,
outros o Diabo
— quem cantarei?
roubam-me a Pátria;
e a Humanidade
outros ma roubam
— quem cantarei?
sempre há quem roube
quem eu deseje;
e de mim mesmo
todos me roubam
— quem cantarei?
roubam-me a voz
quando me calo,
ou o silêncio
mesmo se falo
— aqui del-rei!
JORGE  DE  SENA

Saturday, September 8, 2012

O poema pouco original do dia de hoje


O poema pouco original do medo
O medo vai ter tudo
pernas
ambulâncias
e o luxo blindado
de alguns automóveis

Vai ter olhos onde ninguém o veja
mãozinhas cautelosas
enredos quase inocentes
ouvidos não só nas paredes
mas também no chão
no teto
no murmúrio dos esgotos
e talvez até (cautela!)
ouvidos nos teus ouvidos

O medo vai ter tudo
fantasmas na ópera
sessões contínuas de espiritismo
milagres
cortejos
frases corajosas
meninas exemplares
seguras casas de penhor
maliciosas casas de passe
conferências várias
congressos muitos
ótimos empregos
poemas originais
e poemas como este
projetos altamente porcos
heróis
(o medo vai ter heróis!)
costureiras reais e irreais
operários
(assim assim)
escriturários
(muitos)
intelectuais
(o que se sabe)
a tua voz talvez
talvez a minha
com a certeza a deles

Vai ter capitais
países
suspeitas como toda a gente
muitíssimos amigos
beijos
namorados esverdeados
amantes silenciosos
ardentes
e angustiados

Ah o medo vai ter tudo
tudo

(Penso no que o medo vai ter
e tenho medo
que é justamente
o que o medo quer)

              *

O medo vai ter tudo
quase tudo
e cada um por seu caminho
havemos todos de chegar
quase todos
a ratos

Sim
a ratos

ALEXANDRE O'NEILL



Wednesday, September 5, 2012

Maus conselhos

Não olheis a pormenores,
pensai tão só por conceitos:
a esquecer males menores
espantamos nossos defeitos.

Esperai calmos em casa
que o destino bata à porta:
por faltar um golpe de asa
não fica a ideia morta.

O destino marca a hora,
a sorte não diz que não:
vamos pela estrada fora,
sigamos na contra-mão.


Tuesday, September 4, 2012

4 de Setembro


Gloire l’ombre et la honte ont cédé au soleil
Le poids s’est allégé le fardeau s’est fait rire
Gloire le souterrain est devenu sommet
La misère s’est effacée
La place d’habitude où je m’abêtissais
Le couloir sans réveil l’impasse et la fatigue
Se sont mis à briller d’un feu battant des mains
L’éternité s’est dépliée
Ô toi mon agitée et ma calme pensée
Mon silence sonore et mon écho secret
Mon aveugle voyante et ma vue dépassée
Je n’ai plus eu que ta présence
Tu m’as couvert de ta confiance.

(PAUL ELUARD)

Monday, September 3, 2012

Uma intervenção importante


The current instability of the financial markets is driven by the risk that an individual country might become insolvent, and that risk can only be eliminated, or at least limited, by collective guarantees for government bonds issued within the eurozone. There are concerns that this could create disincentives, and these should be taken very seriously. The only way to allay these concerns is to ensure that collective guarantees are combined with strict collective control over national budgets. This means, however, that the degree of fiscal control necessary to underpin collective guarantees is no longer achievable within the context of national sovereignty via contractually agreed rules.
There are only two coherent strategies for dealing with the current crisis: a return to national currencies across the EU, which would expose each individual country to the unpredictable fluctuations of highly speculative foreign exchange markets, or the institutional underpinning of a collective fiscal, economic and social policy within the eurozone, with the further aim of restoring to policymakers their lost capacity for action in the face of market imperatives at a transnational level. And looking beyond the current crisis, the promise of a "social Europe" also depends upon this.
Only a politically united core Europe offers any hope of reversing the process – already far advanced – of transforming a citizens' democracy built on the idea of the social state into a sham democracy governed by market principles. For this reason alone – because it leads on to this broader perspective – the second option deserves preference over the first.
If we wish to avoid both a return to monetary nationalism and a permanent euro crisis, then we need to do now what we failed to do at the time of the euro's launch: we need to begin the process of moving towards political union, beginning with the core Europe of the 17 EMU member countries.
We believe that we should be entirely open about this process. It is simply not possible to retain the common currency without also espousing the idea of collective responsibility and redressing the institutional deficit in the eurozone. The proposal by the Council of Economic Experts to set up a collective debt redemption fund has been rejected by the German government, but its appeal lies precisely in the fact that it puts an end to the illusion of continuing national sovereignty by openly establishing the principle of collective responsibility. It would, however, make more sense to mutualise eurozone debt within the Maastricht criteria – so up to the 60% threshold, rather than above that level.
As long as European governments fail to state clearly what they are really doing, they will continue to undermine the already weak democratic foundations of the European Union. 
(Jurgen Habermas, Peter Bofinger e Julian Nida-Rumelin, artigo publicado no Frankfurter Allgemeine Zeitung de 3 de Agosto, tradução do Guardian)

Sunday, September 2, 2012

Bernardim Ribeiro

Anda a dor dissimulada
mas ela dará seu fruto.

(Bernardim Ribeiro)

Rene Char

Obeissez a vos porcs qui existent. Je me soumets a mes dieux qui n'existent pas.

(Rene Char)