e nos rodeia o halo de ternura
que a vida nos deu e consentiu,
mesmo assim o mundo continua opaco e alheio
e a realidade é um ente estranho com o seu plano próprio
(a sua agenda, como se diz agora) que não passa por nós
e que nós nunca conheceremos.
Prometeu, o fogo afinal ficou sempre na mão dos deuses.
Nosso foi um breve orgulho, uma exaltação ingénua
de "ser-se humano, passo a passo mais",
como disse um poeta.
Mas tudo o que é humano é precário e o que vem aí não sabemos,
só sabemos que não mais será para nós a Idade de Ouro.
Nem um deus aparece para o podermos recriminar!
Que bonito obrigada pela partilha...
ReplyDelete"Nem um deus aparece para o podermos recriminar!"Jorge de Sena citado por Alcipe
Sim , oh se concordo, mas não faltam demónios pecadores e pecados ávidos por serem notados, mas não é a mesma coisa, também eu sei.
PS Passei por cá para ouvir novamente Andre Rieu - Shostakovich' Second Waltz
O verso do Sena é o que está entre aspas - "isto de ser-se humano, passo a passo mais" - e não este da ausência de um deus a recriminar, que é uma alusão à frase de Heidegger "só um deus nos poderá salvar"...
ReplyDeleteTem razão, desculpe a gaffe, já pús os óculos...
ReplyDeleteDe qualquer forma um Deus não chega;
talvez no tempo de Heidegger...pensando bem até no dele, e mesmo Ele.
Agora, os demónios são cada vez mais sofisticados implicando da sua meditação e através da incursão por esse verso de Jorge Sena
"ser-se humano, passo a passo mais",
e subscrevendo, decerto será a tal caminhada de cada um para Deus...
Conheci e convivi com Jorge de Sena. Como, aliás, com Pedro Tamen, O' Neil e Natália Correia.
ReplyDeleteE continuo sempre a estranhar quando os leio. Parecem-me que não são quem eu conheci. Alguém sentirá o mesmo?!
Minha cara Helena, entre as pessoas que são poetas e a poesia há uma distância tão grande! Por isso Keats dizia que "o poeta é o menos poético dos seres"...
ReplyDelete"Não meu, não meu é o que escrevo/A quem o devo?" (Pessoa)
Cordialmente
Alcipe
"morder como quem beija"
ReplyDeletePoeta, talvez ninguém o seja...
apenas gente
que de repente ou não
empresta a pena
o traço
o teclado
a um não sei quem
que vem não sei de onde
carregado
de uma estranha exaltação
Fluiu
passou
e ao olhar pra trás
céptico pergunta
Que diabo é isto?
Saberei quem sou?
Como fui capaz?
Minha cara ERA UMA VEZ
ReplyDeleteBela poesia.
Meu caro Alcipe
Como vê há muitas e boas razões para manter esta sua casa. Aqui vão-se revelando algumas boas surpresas.
A única pessoa que conheci que se parecia com a própria poesia foi Cecília Meirelles. E o Borges, quando o vi em São Paulo em 1977 ou coisa que o valha, também tinha jeito de poeta, embora não imenso como de fato era.
ReplyDelete