esqueceste-me aqui?
Eu atravessei os rios para te encontrar
e visitei as Índias e os sertões e as Américas.
Agora que regresso a estas ruas donde vim,
onde nunca me conheceram, mas onde eu passei
trabalhos e dias e amores,
agora, onde estás tu, sol negro da melancolia?
Fui ingrato? Eu estou sempre pronto a voltar
à pátria que é minha.
Eu nunca te pedi nada.
Ou se pedi, foi aquilo que nunca me poderias dar,
a poesia, porque a poesia
não se dá, arranca-se à vida e segue-se em frente.
Sol negro da melancolia, o inverno vai chegar
e tu nada me disseste.
D'où vient à l'homme la plus durable des jouissances de son coeur, cette volupté de la mélancolie, ce charme plein de secrets, qui le fait vivre de ses douleurs et s'aimer encore dans le sentiment (...)? Etienne de Senancour
ReplyDeleteHelena Oneto
Triste, mas bonito.
ReplyDeleteEstou em querer que retratar a angústia aqui em analogia e proximidade com a nostalgia é o mais dificil,de qualquer forma deve-se prescrever nostalgia aos poetas pintores de poemas só assim surgem as mais intensas escritas providas de sentidos, basicamente no limiar do erro crasso aquele nosso que abominamos e é autocondenação, lá no transfundo do quadrante oculto...
Uma bela evocação de Nerval e de um dos meus poemas predilectos.
ReplyDeleteLindíssimo!
ReplyDelete"Sol negro de melancolia"
ReplyDeleteancorado no meu peito
quando lembro o que não fiz
Quando
pobre de coragem e teimosia
não rumei ao porto certo
enrolei as velas
ignorei o vento
e desisti
"Sol negro de melancolia"
quando
incapaz de dizer não
me privei do sim
que faria do sol
testemunha gloriosa
de uma indescritível alegria