caíra do cigarro e distraído
ele olhava de frente o nevoeiro,
alheio ao que fora ou poderia ter sido
alguma vez.
Vejo-o como uma fotografia distante,
uma promessa de miséria trazida
de uma guerra antiga. Contudo,
ele está aqui, no meio de nós.
Nada espera. E já ninguém o espera.
"ninguém o espera"
ReplyDeletee ninguém o irá reclamar...
quando
o seu velho casaco
amarelecido pelo fumo
for revistado
à procura de um nome, número,documento
indício do passado
nada
apenas um bolso descosido
onde jaz amarrotado e frio
o último maço de cigarros
desesperadamente
vazio
Quantos de nós existem,
ReplyDeleteSem existir
Olham sem ver
Andam sem caminhar
Gostam sem amar
Morrem sem viver.
Uns têm família,
Outros nem isso,
Alheados de tudo
Que não seja solidão!
Da vida nada sabem,
Apenas esperam um fim
Que tarda em chegar.
E, quando chega,
Nem disso se dão conta,
Porque, afinal, não têm
A quem prestar contas...