Sunday, September 18, 2011

Excerto de um poema meu

(...)

Mas, por favor, não me entendam mal,
não me sinto alheio nem distante
(até porque de vós dependo)
e nada do que se diz na minha pátria me pode ser estranho.

É só porque dói...

(Luís Filipe Castro Mendes, "Lendas da Índia", p.83)

11 comments:

  1. E onde é que fica a pátria de todos nós?
    Na terra em que nascemos,
    Ou naquela em que ficamos
    Que nos acarinha
    E que amamos?

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  2. Porque te amo tanto, pátria minha, eu que năo tenho
    Pátria, eu semente que nasci do vento
    Eu que năo vou e năo venho, eu que permaneço
    Em contato com a dor do tempo, eu elemento
    De ligaçăo entre a açăo o pensamento
    Eu fio invisível no espaço de todo adeus
    Eu, o sem Deus!

    Tenho-te no entanto em mim como um gemido
    De flor; tenho-te como um amor morrido
    A quem se jurou; tenho-te como uma fé
    Sem dogma; tenho-te em tudo em que năo me sinto a jeito
    Nesta sala estrangeira com lareira
    E sem pé-direito.

    (Vinícius de Moraes)

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  3. Querida Helena, à sua pergunta respondo com a mesma pergunta e, até hoje, a minha pátria é a terra onde nasci, é a língua que me ensinaram em pequenina, é o universo dos meus sonhos, é a melodia dos contos de embalar, sou eu quando amo ou choro e é nela que gostava de morrer

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  4. A minha pátria é a terra onde nasci,
    A minha Mãe, o berço que me acolheu,
    Os meus filhos, o amor que me aquece,
    O meu homem o amor que se não esquece,
    A minha família, os laços que criei.
    Mas tu, Portugal, és isto e muito mais!

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  5. Amar este país
    é como amar um filho
    às vezes dói
    às vezes nos contenta
    às vezes vence
    às vezes... a "tormenta"
    às vezes preso
    ou indigente
    às vezes talentoso
    outras faminto dependente
    doido
    vencido
    ou até diferente

    quanto mais sofredor mais "nossa gente"
    É nosso sempre...

    Quando pequeno
    é para os nossos abertos braços
    que corre desvairado
    porque o joelho sangra
    ou apenas porque tem saudades

    Quando crescido
    porque foi ferido
    no combate da vida e dos amores
    e corre de novo aos nossos braços
    iguais, ainda abertos
    e os olhos a transbordar de flores

    Vem meu país doente
    aconchegar-te no meu colo
    que o meu coração de mãe cansada e triste
    de te ver errar
    há-de encontrar
    não sei onde
    não sei como
    uma qualquer forma de te consolar

    depois
    " faz-te ao caminho"...e volta
    para mostrar enfim que conseguiste!

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  6. "Portugal" de Jorge Sousa Braga

    Portugal
    Eu tenho vinte e dois anos e tu às vezes fazes-me sentir como se tivesse
    oitocentos
    Que culpa tive eu que D. Sebastião fosse combater os infiéis ao norte de
    África
    só porque não podia combater a doença que lhe atacava os órgãos genitais
    e nunca mais voltasse
    Quase chego a pensar que é tudo uma mentira
    que o Infante D. Henrique foi uma invenção do Walt Disney
    e o Nuno Álvares Pereira uma reles imitação do Príncipe Valente
    Portugal
    Não imaginas o tesão que sinto quando ouço o hino nacional
    (que os meus egrégios avós me perdoem)
    Ontem estive a jogar póker com o velho do Restelo
    Anda na consulta externa do Júlio de Matos
    Deram-lhe uns electro-choques e está a recuperar
    àparte o facto de agora me tentar convencer que nos espera um futuro de
    rosas
    Portugal
    Um dia fechei-me no Mosteiro dos Jerónimos a ver se contraía a febre do
    Império
    mas a única coisa que consegui apanhar foi um resfriado
    Virei a Torre do Tombo do avesso sem lograr uma pérola que fosse
    das rosas que Gil Eanes trouxe do Bojador
    Portugal
    Vou contar-te uma coisa que nunca contei a ninguém
    Sabes
    Estou loucamente apaixonado por ti
    Pergunto a mim mesmo
    Como me pude apaixonar por um velho decrépito e idiota como tu
    mas que tem o coração doce ainda mais doce que os pastéis de Tentugal
    e o corpo cheio de pontos negros para poder espremer à minha vontade
    Portugal estás a ouvir-me?
    Eu nasci em mil novecentos e cinquenta e sete Salazar estava no poder nada
    de ressentimentos
    um dia bebi vinagre nada de ressentimentos
    Portugal
    Sabes de que cor são os meus olhos?
    São castanhos como os da minha mãe
    Portugal
    gostava de te beijar muito apaixonadamente
    na boca

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  7. Explode de poesia hoje este Tibet!!!!!!

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  8. O Tibet não, o que ameaça explodir é a Europa ... e não é de poesia, hélàs!

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  9. Mas...em tempos tão difíceis,inventam-se poemas destes. Nem tudo está perdido.

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  10. Ora exatamente, Portugal, muito mais que a soma das Partes...

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  11. Caro Alcipe
    Enquanto a lagrimita me vier ao olho quando oiço falar do meu País - o que aqui aconteceu, confesso -, é porque nem tudo está perdido.
    Quanto não valem estas pérolas, comparadas com os discursos de patriotismo bacoco que ouvimos por aí?

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