Wednesday, September 21, 2011

Ao tempo presente


Aquela cinza na manga do casaco
caíra do cigarro e distraído
ele olhava de frente o nevoeiro,
alheio ao que fora ou poderia ter sido
alguma vez.

Vejo-o como uma fotografia distante,
uma promessa de miséria trazida
de uma guerra antiga. Contudo,
ele está aqui, no meio de nós.
Nada espera. E já ninguém o espera.

2 comments:

  1. "ninguém o espera"
    e ninguém o irá reclamar...

    quando
    o seu velho casaco
    amarelecido pelo fumo
    for revistado
    à procura de um nome, número,documento
    indício do passado

    nada
    apenas um bolso descosido
    onde jaz amarrotado e frio
    o último maço de cigarros

    desesperadamente
    vazio

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  2. Quantos de nós existem,
    Sem existir
    Olham sem ver
    Andam sem caminhar
    Gostam sem amar
    Morrem sem viver.
    Uns têm família,
    Outros nem isso,
    Alheados de tudo
    Que não seja solidão!
    Da vida nada sabem,
    Apenas esperam um fim
    Que tarda em chegar.
    E, quando chega,
    Nem disso se dão conta,
    Porque, afinal, não têm
    A quem prestar contas...

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