Sunday, March 13, 2011

Não o Dassin, mas o Moustaki



Dedicado aos meus amigos da geração de Abril

1 comment:

  1. Porque, no nosso caso, não se podia nomear, aqui vai a mesma palavra pela pena de um "poeta-de-que-os-poetas-não-gostam":

    Canção de Madrugar

    De linho te vesti
    De nardos te enfeitei
    Amor que nunca vi
    Mas sei

    Sei dos teus olhos acesos na noite
    Sinais de bem despertar
    Sei dos teus braços abertos a todos
    Que morrem devagar
    Sei meu amor inventado que um dia
    Teu corpo pode acender
    Uma fogueira de sol e de fúria
    Que nos verá nascer

    Irei beber em ti
    O vinho que pisei
    O fel do que sofri e dei
    Dei do meu corpo um chicote de força
    Rasei meus olhos com água
    Dei do meu sangue uma espada de raiva
    E uma lança de mágoa
    Dei do meu sonho uma corda de insónias
    Cravei meus braços com setas
    Descobri rosas, alarguei cidades
    E construí poetas

    E nunca te encontrei
    Na estrada do que fiz
    Amor que não logrei
    Mas quis

    Sei meu amor inventado que um dia
    Teu corpo pode acender
    Uma fogueira de sol e de fúria
    Que nos verá nascer
    Então:

    Nem choros, nem medos, nem uivos, nem gritos,
    Nem pedras, nem facas, nem fomes, nem secas,
    Nem feras, nem ferros, nem farpas, nem farsas,
    Nem forcas, nem cardos, nem dardos, nem trevas,
    Nem choros, nem medos, nem uivos, nem gritos,
    Nem pedras, nem facas, nem fomes, nem secas,
    Nem terras, nem ferros, nem farpas, nem farsas
    Nem Mal

    Ronaldo Azenha de Noisiel (Pont de Sèvres)

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