A Revolução, quando na cidade passavam
as suaves raparigas, a Revolução, 
o ciclópico acto, o dever comunista
inscrito no devir:  
os seus conceitos eram duros como a pedra
dos poemas de Sophia ou de Cabral: 
Marx lido pelas Grandes Écoles de Paris,
 conceitos de rigor impiedosos;
 
e a operariazinha de Santa Iria de Azóia, encontrada
num convívio de estudantes e trabalhadores,
que corou de repente ao despedir-se de mim
(Avante, camarada, avante : deveria?).
 
Os papéis colados pelos muros
na policiesca noite da Lisboa,
os poemas medíocres que cantávamos
e a polícia a carregar por dentro das escolas,
para eu te levar pela mão até à rua…
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