Sunday, August 29, 2010
Wednesday, August 25, 2010
Anónimos ficam à porta (2)
O meu nome é Luís Filipe Castro Mendes. Mais informações no anuário diplomático e nos dicionários de literatura portuguesa de Álvaro Manuel Machado e da Verbo. Não aceito neste blog comentários não identificados.
Uma citação triste de Eça de Queiroz
Também eu senti grande tristeza com a indecente recondenação do Dreyfus. Sobretudo, talvez, porque com ela morreram os últimos restos, ainda teimosos, do meu velho amor latino pela França.
Carta a Domício da Gama, 26 Set. 1899
EÇA DE QUEIROZ
Carta a Domício da Gama, 26 Set. 1899
EÇA DE QUEIROZ
Saturday, August 21, 2010
Thursday, August 19, 2010
Divertimento
Um diplomata só já é risível;
poeta e diplomata, isso é demais!
Fica bem nas fronteiras do incrível:
Vinícius e Cabral não quero mais!
Foi você que pediu Octavio Paz?
Não sei o que ele fez nem o que faz.
Poetas são patetas com plumas
e diplomatas são coisas nenhumas.
Claudel que vá rezar avé marias
e o Perse consertar as avarias
que fez à Resistência no exílio.
Não pensem que esquecemos o Abílio
Guerra Junqueiro, toda uma ameaça:
o Rei a cair morto numa praça!
Poetas diplomatas, vão pastar!
Poetas presidentes?! Nem pensar...
E não julguem que sou qualquer reaça!
Eu sou da nobre estirpe de um talassa...
poeta e diplomata, isso é demais!
Fica bem nas fronteiras do incrível:
Vinícius e Cabral não quero mais!
Foi você que pediu Octavio Paz?
Não sei o que ele fez nem o que faz.
Poetas são patetas com plumas
e diplomatas são coisas nenhumas.
Claudel que vá rezar avé marias
e o Perse consertar as avarias
que fez à Resistência no exílio.
Não pensem que esquecemos o Abílio
Guerra Junqueiro, toda uma ameaça:
o Rei a cair morto numa praça!
Poetas diplomatas, vão pastar!
Poetas presidentes?! Nem pensar...
E não julguem que sou qualquer reaça!
Eu sou da nobre estirpe de um talassa...
Despedidas de verão
Sol negro da melancolia, volta a ter comigo:
nada esqueci, porventura nada aprendi.
Sento-me na rocha sobre a foz do rio
e digo que voltei para te reencontrar.
Escrevo à tua vista e deixo cair a sombra
negra sobre as margens do rio.
Sol negro da melancolia, sempre voltarei aqui;
nem sequer peço já para te reencontrar.
nada esqueci, porventura nada aprendi.
Sento-me na rocha sobre a foz do rio
e digo que voltei para te reencontrar.
Escrevo à tua vista e deixo cair a sombra
negra sobre as margens do rio.
Sol negro da melancolia, sempre voltarei aqui;
nem sequer peço já para te reencontrar.
Friday, August 13, 2010
Ruy Duarte de Carvalho
Conheci-o em Luanda, em 1977. Convivemos durante todos estes anos, com muitas intermitências (e até com alguma distância crispada nos últimos anos) - mas com ele muito aprendi e pelo saber dele muitas coisas me mudaram e me fizeram crescer.
Um escritor mais importante do que parece, uma personalidade complexa, mas bem grande em toda a sua acidez e lucidez.
Ruy, devo-te sabedoria. E nada te dei.
Um escritor mais importante do que parece, uma personalidade complexa, mas bem grande em toda a sua acidez e lucidez.
Ruy, devo-te sabedoria. E nada te dei.
Thursday, August 12, 2010
Monday, August 9, 2010
Manuel Teixeira Gomes
O Algarve não está parado
Conversa de manhã cedo com o presidente da Junta de Freguesia de Odeceixe.
Fica-se com boa impressão desta geração nova de autarcas (sobretudo depois de um ano na Índia a ler pela internet os nossos inefáveis jornais, que repetem "ad nauseam" o queiroziano chavão "isto é um país perdido").
Há na nossa terra gente que faz, sem precisar do coro de harpias neo-conservadoras ou neo-liberais que dominam hoje a nossa imprensa (se viesse para esta nossa praia a grande iniciativa privada, faziam disto ou uma gigantesca Quarteira ou uma inacessível Quinta do Lago).
Há autarcas activos, surgem pequenos empresários ... mas não desbloqueiam para trabalhar nem um dos 200 desempregados da freguesia inscritos no Centro de Emprego, porque tudo pára em Lisboa! Deve haver uma razão para isso : é melhor ter mais desemprego e gastar menos com as autarquias. Será?
"As monstruosidades vulgares" (Régio) que prevalecem na Costa Sul do Algarve estão aqui proibidas pelo Parque Natural da Costa Vicentina, apesar da oposição feroz da santa iniciativa privada... e do PCP!
Há sempre estranhos "compagnons de route" nesta vida...
Fica-se com boa impressão desta geração nova de autarcas (sobretudo depois de um ano na Índia a ler pela internet os nossos inefáveis jornais, que repetem "ad nauseam" o queiroziano chavão "isto é um país perdido").
Há na nossa terra gente que faz, sem precisar do coro de harpias neo-conservadoras ou neo-liberais que dominam hoje a nossa imprensa (se viesse para esta nossa praia a grande iniciativa privada, faziam disto ou uma gigantesca Quarteira ou uma inacessível Quinta do Lago).
Há autarcas activos, surgem pequenos empresários ... mas não desbloqueiam para trabalhar nem um dos 200 desempregados da freguesia inscritos no Centro de Emprego, porque tudo pára em Lisboa! Deve haver uma razão para isso : é melhor ter mais desemprego e gastar menos com as autarquias. Será?
"As monstruosidades vulgares" (Régio) que prevalecem na Costa Sul do Algarve estão aqui proibidas pelo Parque Natural da Costa Vicentina, apesar da oposição feroz da santa iniciativa privada... e do PCP!
Há sempre estranhos "compagnons de route" nesta vida...
O Algarve não é Paris...
Resposta de um empregado de restaurante odeceixense, instado a trazer o prato que a cozinheira se tinha esquecido de fazer:
"Minha senhora, não seja repetitiva!".
Venham-me depois dizer que os "garçons" dos restaurantes parisienses são arrogantes... os algarvios são bem superiores na arrogância! Temos a arrogância mais alta da Europa! Bravo!
(Tenho que reconhecer aqui, com humildade de algarvio, que o Norte de Portugal é diferente!)
"Minha senhora, não seja repetitiva!".
Venham-me depois dizer que os "garçons" dos restaurantes parisienses são arrogantes... os algarvios são bem superiores na arrogância! Temos a arrogância mais alta da Europa! Bravo!
(Tenho que reconhecer aqui, com humildade de algarvio, que o Norte de Portugal é diferente!)
Sunday, August 8, 2010
Um soneto ao Algarve para os meus amigos de Poço Barreto
O silêncio repousa sobre a terra,
quando a noite desiste de ser mar
e o coração da gente mais se aferra
à âncora perdida sem lugar.
Embarcação errante a tua vida,
inteira cabe nua neste mar:
que fizeste de ti, canção esquecida
sem sal nem búzios soltos a ecoar?
O erro sem discurso dos meus anos
deu-me estes versos só para partilhar
com quem viveu os mesmos desenganos
e o mesmo porto teve que deixar.
Dedico este soneto a uma terra
que em âncora se faz quando desferra...
quando a noite desiste de ser mar
e o coração da gente mais se aferra
à âncora perdida sem lugar.
Embarcação errante a tua vida,
inteira cabe nua neste mar:
que fizeste de ti, canção esquecida
sem sal nem búzios soltos a ecoar?
O erro sem discurso dos meus anos
deu-me estes versos só para partilhar
com quem viveu os mesmos desenganos
e o mesmo porto teve que deixar.
Dedico este soneto a uma terra
que em âncora se faz quando desferra...
O meu Algarve, poema (longo) de João Lúcio
O MEU ALGARVE (João Lúcio, O Meu Algarve, 1905)
Oh meu ardente Algarve impressionista e mole,
Meu lindo preguiçoso adormecido ao sol,
Meu louco sonhador a respirar quimeras,
Ouvindo, no azul, o canto das esferas
- A marcha triunfal dos mundos pelo ar. –
Para te adormecer, Deus pôs-te perto o mar,
E, para fecundar a tua fantasia,
No vasto palco azul, erguido nos espaços,
Fez mais belo para ti o drama em oiro – o Dia,
E deu, pra te abraçar, à luz, mais fortes braços.
Romântico torrão de doidas fantasias,
Namorado gentil, sensual e troveiro,
Onde o luar se orquestra em novas harmonias
E faz de neve em vez das neves de Janeiro…
Terra doirada, aonde as tardes caem mansas,
Como verga uma flor na haste delicada,
E onde os lírios são amigos das crianças
Numa amizade sã, divina, imaculada,
Algarve, onde os perfis, romanescos, dolentes,
Têm um ar de sonho e de fadiga mole,
E parecem abrir-se em curvas indolentes,
Como flores também, ao palpitar do Sol…
Campos de um verde álacre, onde zumbem as cores,
Onde transborda a seiva, alegres e felizes:
Sentem-se germinar as raízes e flores,
Na luxúria de Luz dos tropicais países.
Às tardes, cada monte eleva-se sereno,
Na fluida limpidez dos poentes de rosa,
E a paisagem tem um distender ameno
De mulher sensual, fecunda e preguiçosa.
Algarve das paixões, do amor violento,
Que fana, quando passa, as bocas, de desejos;
Aromática terra, onde a asa do vento,
Em vez de ser de ferro, é branda como os beijos…
Terra dos figueirais e das vinhas Formosas
Do luar novelesco, embriagante, albente,
Onde o Sol sensual cansa os nervos das rosas,
Numa volúpia de oiro intensa, absorvente…
Algarve do morghot, dos rostos escondidos,
Das lendas, das visões, das moiras encantadas!
Onde as línguas do Ar murmuram aos ouvidos
Com vocáb`los de sonho, as histórias de fadas…
Encantado jardim fremente de matizes,
Onde a cor dá concerto em sinfonias de oiro,
E onde, sob o solo, as ávidas raízes
Vão às vezes tocar nalgum velho tesoiro…
Costas do meu Algarve, onde é tão terno o mar,
Dum veemente azul em ritmos de veludo,
Com neblinas de prata, ao nascer do luar,
Espumantes de luz, quando o sol cobre tudo…
Costas azuis de sonho, onde os navios parecem
Lírios que vão boiando e voando serenos,
E as velas, correndo, ao longe se esmaecem
E semelham, assim, uns malmequeres pequenos…
Canta suavemente a água, sob as quilhas,
Com um vago rumor, cetinosa e azul,
As líquidas canções, as finas baladilhas
Deste mar sonhador, do meigo mar do Sul.
Como to és diferente, oh mar doce e saudoso,
Oh mar do meu Algarve, enternecido mar,
Do sinistro oceano escuro e ardiloso
Que esmaga os navios para os poder roubar!
Tu nunca, como ele, assassinaste, rindo,
Noivos a viajar, poetas, marinhagem,
Que sonham no convés, quando o luar, subindo,
Risca em prata na água o sulco da viajem…
Tu vais cantar de noite à beira dos moinhos,
Das colinas, dos cais, das praias murmurosas,
Para embalar o sono às aves nos seus ninhos
E para destruir a insónia das rosas…
Quando perto de ti as namoradas choram,
Meu belo aventureiro azul, vais consolá-las;
Por isso, lindo mar, elas tanto te adoram:
Abrem-te o coração, sempre que tu lhes falas…
Tu vais adormecer sobre o barco, cantando,
O pobre pescador cansado de remar…
Pra poderes tornar o seu mais brando;
Nem o barco, sequer, lhe fazes oscilar…
Tu vais fazer vibrar as pequeninas ilhas,
Emergindo de ti, brancas, silenciosas,
Na melodia azul das vagas e das quilhas
E das velas correndo, alvas e luminosas.
Vais fazer latejar, numa glauca harmonia,
As rochas junto a ti erguidas e soldadas,
Meu lindo mar do Sul, oh mar da Fantasia,
Da Aventura, do Amor, da Lenda e das Baladas!
Luar do meu Algarve, imaculado e fino,
Luar fluido, de neve, opalas e jasmins,
Romântico luar, transparente e divino,
Que inundas de Quimera as áleas dos jardins.
Cetinoso luar, querido dos marinheiros,
Luar sentimental do sonho e dos amores,
Que nevas com a luz a água dos ribeiros
E dos lagos azuis deitados entre flores.
Tu vais tecer, de leve, em brancas musselinas,
A baías, o mar: entulhá-los de estrelas;
Romantizas os cais, as ilhas, as colinas,
As curvas dos perfis, o voo ágil das velas.
Vais rolar, sobre a serra e nos vales floridos,
O teu alvo fulgor de mármore e de arminhos:
Tornas os corações bons e compadecidos,
Idílicos; o campo, as estradas, os ninhos…
Negrejantes pinhais vivendo à beira-mar,
Vales sorvendo luz, colinas maceradas,
Silenciosos navios ao longe a navegar
Sobre o trémulo seio das águas desmaiadas.
Toca-vos o clarão evocador da lua
E tendes logo o ar dum sonho desenhado,
Como um fluido véu por sobre vós flutua
Esse pólen da luz, que os mundos tem criado…
Oh sol, vibrante sol, do meu Algarve de oiro,
Que fazes palpitar os peitos e os jardins
No mesmo grande amor, fecundo, imorredoiro,
Que rebenta, na Vida, em olhos e jasmins:
Oh sol que pões no Céu um brilho violento
E fazes chamejar, ao longe, os horizontes;
Que pões fogo no ar e pões brasas no vento
E que vais calcinar a epiderme aos montes:
Adoro a tua luz vigorosa e sadia,
Que moldura no campo a música das cores,
Que rega, em nossa alma, os cactos da Alegria
E esculpe na semente os bustos das flores:
Cai-me sobre o olhar: banha-me em teu fulgor,
Oh sol que pões no Céu um latejante azul:
Dá-me a tua alegria e dá-me o teu vigor,
Oh sol, imortal sol, do meu país do Sul…
Manhãs do meu Algarve, auroras grandiosas,
Abrindo pelo Céu girândolas de cores,
Feitas de seda e oiro e mármores e rosas,
Acordando de manso as sonolentas flores!
V`luptuosas manhãs triunfais e supremas,
Em que o ar não tem mancha, a luz não tem algemas!
Auroras que deixais as montanhas eztáticas,
No triunfal fulgor com que ides inundá-las:
Deslumbrantes manhãs intensas e dramáticas,
Dilúvios de rubis e liquidas opalas!
Plo ar imaculado o vosso oiro palpita,
Como um pólen de luz celeste e fecundante,
Que vem tornar a terra a santa mãe bendita,
Que, sob os astros, gera a vida, a cada instante.
Oh manhãs sobre o mar, vossa frescura trago-a
Dentro do coração e na curva do olhar!
Manhãs, que pareceis incêndios sobre a água,
Quem me dera um pincel pra vos poder pintar!
Oh mar, oh sol, oh noites transparentes,
Campos a burbulhar a seiva que os invade,
Horizontes sem mancha, alvoradas ardentes,
Olhos frescos de amor ensinando a saudade,
Eu amo a vossa cor, o vosso brilho forte,
A fecunda alegria que de vós se evapora;
Detesto a palidez que cobre os céus do norte,
Onde a Cor se desbota e onde a Luz se descora.
Frio encanto polar das montanhas geladas,
Com um sinistro alvor de sepulcral luar,
Alva graça mortal das campinas nevadas,
Que a natureza fez para o cinzel imitar:
O vosso encanto é um encanto de morte,
Vossa beleza é a paralisação:
Oh arte glacial das regiões do norte
Não fazes palpitar jamais o coração!
Natureza imortal, tu que soubeste dar
Ao meu país do sul a larga fantasia,
Que ensinaste aqui as almas a sonhar
Nessa frescura sã da crença e da alegria:
Que inundaste de azul e mergulhaste em oiro
Esta suave terra heróica dos amores,
Que lançaste sobre ela o canto imorredoiro
Que vibra a sinfonia oriental das cores:
Tu que mostraste aqui mais do que em toda a parte
O intenso poder do teu génio fecundo,
Que fizeste este Céu para inspirar a Arte
E lhe deste por isso o melhor sol do mundo:
Ensina algum pintor a fixar nas telas
Este brilho, esta cor, inéditos, diversos,
E põe a mesma luz que chove das estrelas
Na pena que debuxa estes humildes versos.
Oh meu ardente Algarve impressionista e mole,
Meu lindo preguiçoso adormecido ao sol,
Meu louco sonhador a respirar quimeras,
Ouvindo, no azul, o canto das esferas
- A marcha triunfal dos mundos pelo ar. –
Para te adormecer, Deus pôs-te perto o mar,
E, para fecundar a tua fantasia,
No vasto palco azul, erguido nos espaços,
Fez mais belo para ti o drama em oiro – o Dia,
E deu, pra te abraçar, à luz, mais fortes braços.
Romântico torrão de doidas fantasias,
Namorado gentil, sensual e troveiro,
Onde o luar se orquestra em novas harmonias
E faz de neve em vez das neves de Janeiro…
Terra doirada, aonde as tardes caem mansas,
Como verga uma flor na haste delicada,
E onde os lírios são amigos das crianças
Numa amizade sã, divina, imaculada,
Algarve, onde os perfis, romanescos, dolentes,
Têm um ar de sonho e de fadiga mole,
E parecem abrir-se em curvas indolentes,
Como flores também, ao palpitar do Sol…
Campos de um verde álacre, onde zumbem as cores,
Onde transborda a seiva, alegres e felizes:
Sentem-se germinar as raízes e flores,
Na luxúria de Luz dos tropicais países.
Às tardes, cada monte eleva-se sereno,
Na fluida limpidez dos poentes de rosa,
E a paisagem tem um distender ameno
De mulher sensual, fecunda e preguiçosa.
Algarve das paixões, do amor violento,
Que fana, quando passa, as bocas, de desejos;
Aromática terra, onde a asa do vento,
Em vez de ser de ferro, é branda como os beijos…
Terra dos figueirais e das vinhas Formosas
Do luar novelesco, embriagante, albente,
Onde o Sol sensual cansa os nervos das rosas,
Numa volúpia de oiro intensa, absorvente…
Algarve do morghot, dos rostos escondidos,
Das lendas, das visões, das moiras encantadas!
Onde as línguas do Ar murmuram aos ouvidos
Com vocáb`los de sonho, as histórias de fadas…
Encantado jardim fremente de matizes,
Onde a cor dá concerto em sinfonias de oiro,
E onde, sob o solo, as ávidas raízes
Vão às vezes tocar nalgum velho tesoiro…
Costas do meu Algarve, onde é tão terno o mar,
Dum veemente azul em ritmos de veludo,
Com neblinas de prata, ao nascer do luar,
Espumantes de luz, quando o sol cobre tudo…
Costas azuis de sonho, onde os navios parecem
Lírios que vão boiando e voando serenos,
E as velas, correndo, ao longe se esmaecem
E semelham, assim, uns malmequeres pequenos…
Canta suavemente a água, sob as quilhas,
Com um vago rumor, cetinosa e azul,
As líquidas canções, as finas baladilhas
Deste mar sonhador, do meigo mar do Sul.
Como to és diferente, oh mar doce e saudoso,
Oh mar do meu Algarve, enternecido mar,
Do sinistro oceano escuro e ardiloso
Que esmaga os navios para os poder roubar!
Tu nunca, como ele, assassinaste, rindo,
Noivos a viajar, poetas, marinhagem,
Que sonham no convés, quando o luar, subindo,
Risca em prata na água o sulco da viajem…
Tu vais cantar de noite à beira dos moinhos,
Das colinas, dos cais, das praias murmurosas,
Para embalar o sono às aves nos seus ninhos
E para destruir a insónia das rosas…
Quando perto de ti as namoradas choram,
Meu belo aventureiro azul, vais consolá-las;
Por isso, lindo mar, elas tanto te adoram:
Abrem-te o coração, sempre que tu lhes falas…
Tu vais adormecer sobre o barco, cantando,
O pobre pescador cansado de remar…
Pra poderes tornar o seu mais brando;
Nem o barco, sequer, lhe fazes oscilar…
Tu vais fazer vibrar as pequeninas ilhas,
Emergindo de ti, brancas, silenciosas,
Na melodia azul das vagas e das quilhas
E das velas correndo, alvas e luminosas.
Vais fazer latejar, numa glauca harmonia,
As rochas junto a ti erguidas e soldadas,
Meu lindo mar do Sul, oh mar da Fantasia,
Da Aventura, do Amor, da Lenda e das Baladas!
Luar do meu Algarve, imaculado e fino,
Luar fluido, de neve, opalas e jasmins,
Romântico luar, transparente e divino,
Que inundas de Quimera as áleas dos jardins.
Cetinoso luar, querido dos marinheiros,
Luar sentimental do sonho e dos amores,
Que nevas com a luz a água dos ribeiros
E dos lagos azuis deitados entre flores.
Tu vais tecer, de leve, em brancas musselinas,
A baías, o mar: entulhá-los de estrelas;
Romantizas os cais, as ilhas, as colinas,
As curvas dos perfis, o voo ágil das velas.
Vais rolar, sobre a serra e nos vales floridos,
O teu alvo fulgor de mármore e de arminhos:
Tornas os corações bons e compadecidos,
Idílicos; o campo, as estradas, os ninhos…
Negrejantes pinhais vivendo à beira-mar,
Vales sorvendo luz, colinas maceradas,
Silenciosos navios ao longe a navegar
Sobre o trémulo seio das águas desmaiadas.
Toca-vos o clarão evocador da lua
E tendes logo o ar dum sonho desenhado,
Como um fluido véu por sobre vós flutua
Esse pólen da luz, que os mundos tem criado…
Oh sol, vibrante sol, do meu Algarve de oiro,
Que fazes palpitar os peitos e os jardins
No mesmo grande amor, fecundo, imorredoiro,
Que rebenta, na Vida, em olhos e jasmins:
Oh sol que pões no Céu um brilho violento
E fazes chamejar, ao longe, os horizontes;
Que pões fogo no ar e pões brasas no vento
E que vais calcinar a epiderme aos montes:
Adoro a tua luz vigorosa e sadia,
Que moldura no campo a música das cores,
Que rega, em nossa alma, os cactos da Alegria
E esculpe na semente os bustos das flores:
Cai-me sobre o olhar: banha-me em teu fulgor,
Oh sol que pões no Céu um latejante azul:
Dá-me a tua alegria e dá-me o teu vigor,
Oh sol, imortal sol, do meu país do Sul…
Manhãs do meu Algarve, auroras grandiosas,
Abrindo pelo Céu girândolas de cores,
Feitas de seda e oiro e mármores e rosas,
Acordando de manso as sonolentas flores!
V`luptuosas manhãs triunfais e supremas,
Em que o ar não tem mancha, a luz não tem algemas!
Auroras que deixais as montanhas eztáticas,
No triunfal fulgor com que ides inundá-las:
Deslumbrantes manhãs intensas e dramáticas,
Dilúvios de rubis e liquidas opalas!
Plo ar imaculado o vosso oiro palpita,
Como um pólen de luz celeste e fecundante,
Que vem tornar a terra a santa mãe bendita,
Que, sob os astros, gera a vida, a cada instante.
Oh manhãs sobre o mar, vossa frescura trago-a
Dentro do coração e na curva do olhar!
Manhãs, que pareceis incêndios sobre a água,
Quem me dera um pincel pra vos poder pintar!
Oh mar, oh sol, oh noites transparentes,
Campos a burbulhar a seiva que os invade,
Horizontes sem mancha, alvoradas ardentes,
Olhos frescos de amor ensinando a saudade,
Eu amo a vossa cor, o vosso brilho forte,
A fecunda alegria que de vós se evapora;
Detesto a palidez que cobre os céus do norte,
Onde a Cor se desbota e onde a Luz se descora.
Frio encanto polar das montanhas geladas,
Com um sinistro alvor de sepulcral luar,
Alva graça mortal das campinas nevadas,
Que a natureza fez para o cinzel imitar:
O vosso encanto é um encanto de morte,
Vossa beleza é a paralisação:
Oh arte glacial das regiões do norte
Não fazes palpitar jamais o coração!
Natureza imortal, tu que soubeste dar
Ao meu país do sul a larga fantasia,
Que ensinaste aqui as almas a sonhar
Nessa frescura sã da crença e da alegria:
Que inundaste de azul e mergulhaste em oiro
Esta suave terra heróica dos amores,
Que lançaste sobre ela o canto imorredoiro
Que vibra a sinfonia oriental das cores:
Tu que mostraste aqui mais do que em toda a parte
O intenso poder do teu génio fecundo,
Que fizeste este Céu para inspirar a Arte
E lhe deste por isso o melhor sol do mundo:
Ensina algum pintor a fixar nas telas
Este brilho, esta cor, inéditos, diversos,
E põe a mesma luz que chove das estrelas
Na pena que debuxa estes humildes versos.
Thursday, August 5, 2010
Sunday, August 1, 2010
Monday, July 26, 2010
Saturday, July 24, 2010
In my end is my beginning (T S Eliot)
Home is where one starts from. As we grow older
The world becomes stranger, the pattern more complicated
Of dead and living. Not the intense moment
Isolated, with no before and after,
But a lifetime burning in every moment
And not the lifetime of one man only
But of old stones that cannot be deciphered.
There is a time for the evening under starlight,
A time for the evening under lamplight
(The evening with the photograph album).
Love is most nearly itself
When here and now cease to matter.
Old men ought to be explorers
Here or there does not matter
We must be still and still moving
Into another intensity
For a further union, a deeper communion
Through the dark cold and the empty desolation,
The wave cry, the wind cry, the vast waters
Of the petrel and the porpoise. In my end is my beginning.
T S Eliot , "East Coker", "Four Quartets"
The world becomes stranger, the pattern more complicated
Of dead and living. Not the intense moment
Isolated, with no before and after,
But a lifetime burning in every moment
And not the lifetime of one man only
But of old stones that cannot be deciphered.
There is a time for the evening under starlight,
A time for the evening under lamplight
(The evening with the photograph album).
Love is most nearly itself
When here and now cease to matter.
Old men ought to be explorers
Here or there does not matter
We must be still and still moving
Into another intensity
For a further union, a deeper communion
Through the dark cold and the empty desolation,
The wave cry, the wind cry, the vast waters
Of the petrel and the porpoise. In my end is my beginning.
T S Eliot , "East Coker", "Four Quartets"
Tuesday, July 20, 2010
In my end is my beginning
Este blog tem crescido como uma resposta de quem o escreve à Índia em que vive : mas assim como em todas as viagens nós acabamos por voltar sempre ao ponto de partida (que somos nós próprios),assim, mais do que falar da Índia, este blog tem vindo a falar de quem olha antes do que é olhado.
Com o passar do tempo, apareceu dentro dele o que poderá vir a ser um livro de poemas... mas, como em toda a poesia, a Índia será nele um pretexto, um ponto de partida para uma coisa de que uns gostam e outros não, mas que é só coisa de poesia.
"In my end is my beginning" (T.S. Eliot)
Com o passar do tempo, apareceu dentro dele o que poderá vir a ser um livro de poemas... mas, como em toda a poesia, a Índia será nele um pretexto, um ponto de partida para uma coisa de que uns gostam e outros não, mas que é só coisa de poesia.
"In my end is my beginning" (T.S. Eliot)
Thursday, July 15, 2010
Lendo sobre castas
Claro que, por menos que se dê por elas no quotidiano da grandes cidades e por mais que sejam alheias ao discurso dos nossos amigos das classes média e alta de expressão inglesa, elas existem, mesmo banidas pela Constituição, e ganham hoje maior dimensão no espaço público até, com a força política que têm conquistado nos últimos anos através dos "partidos de castas" e também através das quotas resultantes das complexas discriminações positivas em vigor nas escolas, universidades e concursos para a função pública...
Uma observação de Dipankar Gupta (autor que já aqui antes citei) fez-me pensar : ao contrário do que sustenta Louis Dumont e a sua escola, as castas inferiores não aceitam interiormente o seu baixo lugar na hierarquia como necessariamente impuro pela força do karma - e se muitos, é certo, lutam e lutaram contra o seu estatuto inferior (Ambedkar, Lohia, etc, mas podemos também pensar no budismo, no jainismo, no sikhismo, todos anti-castas), há outros de casta inferior que simplesmente denegam: consideram a sua casta, ela sim, como superior. Eles é que são superiores aos outros...
Claro que isto é diferente conforme a casta de que se trate - e é particularmente gravoso no caso dos dálits - mas não deixa de nos fazer pensar...
É que como diz Gupta, a sociedade hierárquica indiana é uma manifestação peculiar e religiosamente codificada da geral necessidade humana de hierarquia e distinção - não uma exclusiva aberração civilizacional. O que não quer dizer que não se deva lutar contra ela - do mesmo modo que lutamos contra as nossas próprias mazelas sociais.
(Reflexões de um ignorante)
PS É curioso que venha de um autor goês (Kosambi) a reflexão marxista mais interessante sobre a questão das castas, que o marxismo vulgar nunca soube analisar...
Uma observação de Dipankar Gupta (autor que já aqui antes citei) fez-me pensar : ao contrário do que sustenta Louis Dumont e a sua escola, as castas inferiores não aceitam interiormente o seu baixo lugar na hierarquia como necessariamente impuro pela força do karma - e se muitos, é certo, lutam e lutaram contra o seu estatuto inferior (Ambedkar, Lohia, etc, mas podemos também pensar no budismo, no jainismo, no sikhismo, todos anti-castas), há outros de casta inferior que simplesmente denegam: consideram a sua casta, ela sim, como superior. Eles é que são superiores aos outros...
Claro que isto é diferente conforme a casta de que se trate - e é particularmente gravoso no caso dos dálits - mas não deixa de nos fazer pensar...
É que como diz Gupta, a sociedade hierárquica indiana é uma manifestação peculiar e religiosamente codificada da geral necessidade humana de hierarquia e distinção - não uma exclusiva aberração civilizacional. O que não quer dizer que não se deva lutar contra ela - do mesmo modo que lutamos contra as nossas próprias mazelas sociais.
(Reflexões de um ignorante)
PS É curioso que venha de um autor goês (Kosambi) a reflexão marxista mais interessante sobre a questão das castas, que o marxismo vulgar nunca soube analisar...
Monday, July 12, 2010
Friday, July 9, 2010
Os anos 60
Os poetas da minha juventude
confundem-se com as suaves e ariscas raparigas
que namorávamos nos bailes e cinemas mais escuros
e cada verso que lembro
é um acto de amor que ficou por praticar.
Trabalho hoje o poema sem um sorriso de mágoa,
escrevo para ti ou viro-me de costas para o mundo,
porque tudo mudou.
A memória nada é sem este puro imaginar:
transforma-se o amador no seu próprio vazio
junto da coisa amada.
confundem-se com as suaves e ariscas raparigas
que namorávamos nos bailes e cinemas mais escuros
e cada verso que lembro
é um acto de amor que ficou por praticar.
Trabalho hoje o poema sem um sorriso de mágoa,
escrevo para ti ou viro-me de costas para o mundo,
porque tudo mudou.
A memória nada é sem este puro imaginar:
transforma-se o amador no seu próprio vazio
junto da coisa amada.
Thursday, July 8, 2010
Também não deixa de ser verdade...
"Se puede privatizar o no, pero no estar a los dos lados del río", dice un experto
(do EL PAIS de hoje, ainda)
(do EL PAIS de hoje, ainda)
Todos com os holandeses!
No EL PAIS de hoje:
Ahora bien, tampoco es muy decoroso, como recuerdan los expertos, que nuestros empresarios y políticos se cuelguen ahora la medalla de la defensa del libre mercado. España también ha sido protagonista de maniobras intervencionistas. "No podemos jugar a ser los reyes del juego limpio. España se resistió en su momento a suprimir la acción de oro, se ha retocado la legislación del mercado eléctrico...", recuerda Jordi Fabregat.
El Gobierno español derogó la acción de oro en 2005, diez años después de su entrada en vigor con la Ley de Privatizaciones. La decisión llegó tras un largo pulso con la Comisión Europea. Desde 1998 Bruselas reclamaba a nuestro país la supresión de este blindaje. El Gobierno español nunca llegó a utilizar la golden share, pero la posibilidad de hacerlo bastó para frustrar la fusión de Telefónica con KPN, donde el Estado holandés tenía el 43% de las acciones, en 2000.
Además, cuando España no ha contado con la acción de oro, se ha valido de otros instrumentos. Rodrigo Rato, ministro de Economía con el PP, vetó en mayo de 2001 la compra de Hidrocantábrico por parte de la alemana EnBW y la portuguesa EDP. Para ello recurrió a una disposición adicional de la Ley de Presupuestos de 2000, que fijaba que cuando una empresa con capital público entraba en el capital de una empresa energética española, sus derechos políticos se limitaban al 3%. En el caso de la opa de E.On sobre Endesa, el entonces ministro de Industria, el socialista José Montilla, reforzó las competencias de la Comisión Nacional de la Energía para que pudiera analizar la operación bajo el prisma de la denominada Función 14. Bruselas se pronunció en contra de esta maniobra. Otra situación de blindaje, esta aún en vigor, se da en el gestor bursátil Español, BME: toda adquisición de acciones superior al 1% del capital debe contar con el visto bueno de la Comisión Nacional de Mercado de Valores (CNMV).
Ahora bien, tampoco es muy decoroso, como recuerdan los expertos, que nuestros empresarios y políticos se cuelguen ahora la medalla de la defensa del libre mercado. España también ha sido protagonista de maniobras intervencionistas. "No podemos jugar a ser los reyes del juego limpio. España se resistió en su momento a suprimir la acción de oro, se ha retocado la legislación del mercado eléctrico...", recuerda Jordi Fabregat.
El Gobierno español derogó la acción de oro en 2005, diez años después de su entrada en vigor con la Ley de Privatizaciones. La decisión llegó tras un largo pulso con la Comisión Europea. Desde 1998 Bruselas reclamaba a nuestro país la supresión de este blindaje. El Gobierno español nunca llegó a utilizar la golden share, pero la posibilidad de hacerlo bastó para frustrar la fusión de Telefónica con KPN, donde el Estado holandés tenía el 43% de las acciones, en 2000.
Además, cuando España no ha contado con la acción de oro, se ha valido de otros instrumentos. Rodrigo Rato, ministro de Economía con el PP, vetó en mayo de 2001 la compra de Hidrocantábrico por parte de la alemana EnBW y la portuguesa EDP. Para ello recurrió a una disposición adicional de la Ley de Presupuestos de 2000, que fijaba que cuando una empresa con capital público entraba en el capital de una empresa energética española, sus derechos políticos se limitaban al 3%. En el caso de la opa de E.On sobre Endesa, el entonces ministro de Industria, el socialista José Montilla, reforzó las competencias de la Comisión Nacional de la Energía para que pudiera analizar la operación bajo el prisma de la denominada Función 14. Bruselas se pronunció en contra de esta maniobra. Otra situación de blindaje, esta aún en vigor, se da en el gestor bursátil Español, BME: toda adquisición de acciones superior al 1% del capital debe contar con el visto bueno de la Comisión Nacional de Mercado de Valores (CNMV).
Tuesday, July 6, 2010
Poema da quarta monção
Com a monção chegou este sentimento
de que há muito eu sei:
não tenho lugar. Se eu fosse poeta diria antes:
tenho todos os lugares do mundo!
Ou, mais simplesmente:
eu não sou eu nem outro,
eu simplesmente não sou. Eu sou tudo o que me atravessa e transforma,
tudo o que amo e tudo que
(mesmo inexplicavelmente)
de repente passo a odiar.
E esgueiro-me sempre nos desvãos
de entre ser e não ser.
Bom, está bem, não serei um verdadeiro poeta:
sou uma nostalgia sem objecto, uma saudade por aplicar,
um investimento perdido
para o mercado dos capitais poéticos.
Estou muito velho para não ter qualidades
e sou ainda novo para me imolar pelo fogo.
Deixem-me ficar por aqui
entre a chuva e a lama das estradas,
que aqui vão crescendo com a monção.
de que há muito eu sei:
não tenho lugar. Se eu fosse poeta diria antes:
tenho todos os lugares do mundo!
Ou, mais simplesmente:
eu não sou eu nem outro,
eu simplesmente não sou. Eu sou tudo o que me atravessa e transforma,
tudo o que amo e tudo que
(mesmo inexplicavelmente)
de repente passo a odiar.
E esgueiro-me sempre nos desvãos
de entre ser e não ser.
Bom, está bem, não serei um verdadeiro poeta:
sou uma nostalgia sem objecto, uma saudade por aplicar,
um investimento perdido
para o mercado dos capitais poéticos.
Estou muito velho para não ter qualidades
e sou ainda novo para me imolar pelo fogo.
Deixem-me ficar por aqui
entre a chuva e a lama das estradas,
que aqui vão crescendo com a monção.
Sunday, July 4, 2010
O escritor e a perda do seu capital simbólico
Nós, escritores, neste momento não temos quase peso nenhum. Talvez estejamos a perceber que os jornalistas tomaram esse papel porque sabem aquilo que nós não sabemos. Eles têm acesso a uma informação com mais elementos e nós estamos a ser ultrapassados pelas situações. Retraímo-nos, porque é muito fácil estarmos enganados. Pela nossa própria natureza de trabalho, precisamos de fazer uma transfiguração da realidade que exige um silêncio e um afastamento do mundo e, por vezes, ficamos embrulhados em utopias que nos impedem de responder a questões de informação imediata.
Com esse comportamento vão perder o seu lugar nas elites culturais?
Têm-no perdido, ultimamente. Se os escritores se encontram numa mesa em que há um jurista, um médico, um jornalista e um professor universitário, é natural que a opinião do escritor não apareça. Não é por desconsideração, é por desconfiança de que é um lírico e não tem resposta adequada.
(entrevista de Lídia Jorge ao "DN" de hoje)
Com esse comportamento vão perder o seu lugar nas elites culturais?
Têm-no perdido, ultimamente. Se os escritores se encontram numa mesa em que há um jurista, um médico, um jornalista e um professor universitário, é natural que a opinião do escritor não apareça. Não é por desconsideração, é por desconfiança de que é um lírico e não tem resposta adequada.
(entrevista de Lídia Jorge ao "DN" de hoje)
Saturday, July 3, 2010
Transformações do maoísmo
Com a decisão tomada pelo Partido Comunista Chinês de tornar obrigatória a aprovação pelas suas estruturas dirigentes de todas as reincarnações do Buda nos lamas tibetanos (incluindo o Dalai Lama), a teoria marxista-leninista deu um passo de gigante.
A partir do momento em que o marxismo se tornou decisivo na questão delicada das reincarnações de Buda, outras áreas de inquietação estão abertas ao pensamento comunista : a Imaculada Conceição de Maria ; a Santíssima Trindade; o regresso do profeta Ali; o local onde nasceu o deus Rama - um novo mundo de problemas para o socialismo científico!
O Partido Comunista Chinês invoca como precedente que já os imperadores Qing tiveram esse privilégio quanto às reincarnações de Buda - também os Reis de Portugal Fidelíssimo aprovavam a nomeação dos Bispos pelo Papa, pelo que os comunistas esperam legitimamente conhecer as posições do Senhor Presidente da República sobre a composição da Conferência Episcopal Portuguesa!
A partir do momento em que o marxismo se tornou decisivo na questão delicada das reincarnações de Buda, outras áreas de inquietação estão abertas ao pensamento comunista : a Imaculada Conceição de Maria ; a Santíssima Trindade; o regresso do profeta Ali; o local onde nasceu o deus Rama - um novo mundo de problemas para o socialismo científico!
O Partido Comunista Chinês invoca como precedente que já os imperadores Qing tiveram esse privilégio quanto às reincarnações de Buda - também os Reis de Portugal Fidelíssimo aprovavam a nomeação dos Bispos pelo Papa, pelo que os comunistas esperam legitimamente conhecer as posições do Senhor Presidente da República sobre a composição da Conferência Episcopal Portuguesa!
Friday, July 2, 2010
Miguel de Vasconcelos, Cristóvão de Moura...
... também exprimiam a racionalidade económica e o sentido pragmático dos interesses em causa.
Thursday, July 1, 2010
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