Sunday, December 1, 2013

La felicidad, ja, ja,ja, ja

Nos tempos do Marcello, o Dr. Vasco Pulido Valente era feliz, informa-nos ele no jornal, com generosa atenção, procurando saciar a nossa infinita vontade de o conhecer (já o tinha dito há uns anos, mas podíamos nós ter esquecido). E acredito que o fosse: regressado de Oxford para a choldra, já enquanto auspicioso doutorado, não teve idade para ser obrigado a fazer a escolha, que a minha geração tinha que fazer, entre a guerra colonial e o exílio. Pertencendo ademais à classe favorecida, os números confrangedores que o Dr. António Barreto bem analisou sobre as condições sócio-económicas dos portugueses na época certamente o não afectavam. E se Nizan disse, e bem, j'avais vingt ans; je ne laisserai personne dire que c'était le plus bel âge de la vie, acredito que ter trinta anos em Portugal, vivendo entre a Biblioteca Nacional e o Gambrinus, numa sociedade que mantinha os privilégios e ia deixando cair os arcaísmos, era conhecer as delícias de antes da Revolução, como as que evocava o Senhor de Talleyrand. Eu vi isso na Índia: a classe média mantém todos os seus privilégios e experimenta a modernização dos seus comportamentos, num quadro de razoável crescimento económico, porque há uma massa constante de miseráveis para equilibrar o sistema. Na Europa deixámos os miseráveis levantar a grimpa e agora vai ter que ser também a classe média a pagar o peru, muito especialmente os reformados, como o Dr. Vasco Pulido Valente. Muss es sein? Es muss sein! (Beethoven).

2 comments:

  1. a verdade parece ser que so a geracao que se tornou adulta na ditadura soube o que era a democracia.

    a ditadura, perdoe-se o horrivel argumento, acabava por seleccionar os seus opositores; so se metia na politica nesse tempo quem os tinha no sitio, quem realmente ambicionava um mundo mais justo e estava disposto abdicar de muito para isso; ao inves dos tempos mais recentes, tenho impressao.


    cumprimentos.

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  2. na verdade os miseraveis foram convidados a levantar a grimpa para depois quando pensavam que estavam e a tinham finalmente na posição correcta, a erecta, levarem na tola para se baixarem de novo: com que então pensavam que isto agora ia ser assim?
    o peru de pulido valente assado segundo a velha receita em dia de não ir à biblioteca vai ser comido a seguir aos aperitivos tomados no gambrinus que já foi de bons galegos.
    pois não há nada como manter a tradição e os costumes que passam intocados pelas décadas,e regimes a cabeça sempre no mesmo sitio e posição, etc etc

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